Já é hora de começarmos a tratar com mais seriedade a disputa eleitoral. As urnas são a garantia da democracia e democracia exige respeito às regras. Todas elas, inclusive, e a começar, as internas dos partidos. O que estamos assistindo hoje no país é um triste espetáculo de desrespeito e desprezo com as “regras do jogo”, a começar pelo presidente Bolsonaro, em tese guardião da Constituição, que insiste em desmoralizar o processo eleitoral, brigando com os ministros do TSE e levantando a possibilidade de fraude nas urnas, sem apresentar um indício sequer de que isto pode ocorrer. O pior para o país é que esta fala de perdedor do presidente- e ainda faltam alguns meses para a disputa, encontra respaldo entre setores das Forças Armadas que faltam até em controle externo da votação. Uma proposta tão estapafúrdia quanto a de alguém que defenda a uma auditoria externa nas compras das Forças. Mas as ameaças a lisura da disputa, não se estringem ao discurso do presidente. Estamos com a bagunça total na organização partidária no país com o caciquismo escancarado em todas as legendas e, mais grave, a uma ameaça de desrespeito às normas internas de partidos para atender a interesses inconfessáveis de alguns de seus comandantes. O exemplo maior vem do PSDB, partido criado com o discurso de defesa da ética e da moralidade, reunindo importantes nomes da sociedade brasileira que age agora dentro do mesmo figurino que, ao nascer, combatia. Desrespeitar as regras internas, desconhecendo uma escolha da maioria dos seus membros participantes das prévias para a escolha do candidato a presidente da República, é uma rasteira na democracia que o partido jurou defender. O PSDB escolheu em prévia um candidato, João Doria (foto), vencedor da disputa por ampla maioria, e só lhe resta um caminho democrático: sacramentar a candidatura na convenção partidária. Amanhã a Executiva Nacional vai se reunir para discutir o que, se respeitadas as regras democráticas, não deveria estar em discussão. Ontem o ex-presidente Fernando Henrique defendeu a homologação de João Doria, lembrando ter sido ele o vencedor das prévias. Alguém tem mais autoridade dentro da legenda para defender posição contrária? Democracia se faz com respeito a vontade da maioria. Mesmo que contrariando interesses menores e inconfessáveis. (Foto reprodução internet)