Tem razão, em parte, o presidente Lula nas críticas que fez ao Congresso que, para ele, tem a pior composição de todos os tempos. O parlamento no Brasil, em todos os níveis, tem realmente, piorado a sua composição a cada eleição, fruto especialmente do desinteresse do eleitor que não se preocupa em analisar candidatos. Vota em ídolos, não em líderes, e depois não se dá ao trabalho de acompanhar o trabalho de quem elegeu. Não fiscaliza, não cobra, apenas critica para, no próximo pleito, simplesmente repetir o voto ou destiná-lo a alguém ainda pior. Esta deterioração do parlamento não veio de uma hora para outra. É certo que a repressão no militarismo afastou muito os bons da política, mas eleição após eleição, o eleitorado, parece, se esmerar na má escolha. Aliás, já no final da década de oitenta Ulisses Guimarães (foto) advertia “se vocês acham que este Parlamento é ruim, esperem até a próxima eleição”. Sua previsão continuou valendo ano após ano. E a piora, se a situação não mudar, vai continuar. A disputa polarizada pela presidência da República deixa isto claro. Bolsonaro e Lula não querem ter a vigiar seus governos parlamentares sérios e preparados. Preferem a eleição de parlamentares populista, que aceitem e aplaudam- assim como o eleitor- discursos como o de Lula, de que não respeitará a lei de limite de gastos, e que gastará o que for necessário. Ou atos como de Bolsonaro, que busca votos abrindo as burras governamentais e distribuído benesses em falsos programas sociais. Discursos e atos assim só promovem candidatos que comungam com estas ideias. Pessoas que não têm projetos para o país e que buscam se eleger apenas para cuidar de interesses pessoais ou de seus grupos. Não é assim que vamos mudar o país. Só conseguiremos avançar com parlamentares- em todos os níveis de Poder- comprometidos com o que realmente interessa ao país e à população. Sem demagogias ou autoritarismos. Com democracia. Um bom Parlamento faz um bom Executivo. O contrário, não. (Foto reprodução internet)