A Polícia Federal não surpreendeu o ex-ministro José Dirceu (foto), ao prendê-lo na manhã dessa segunda-feira (03), em Brasília, na 17ª fase da Lava Jato, denominada de “Pixuleco”. A expressão era usada pelo empreiteiro Ricardo Pessoa e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto ao se referirem à propina das empresas que tinham contratos com a Petrobras. José Dirceu tentou se livrar da prisão, mas teve o habeas corpus preventivo negado. Sem mais o que fazer, só restava a ele esperar o inevitável. Documentado e com os depoimentos do ex-executivo da Toyo Setal, Júlio Camargo – que afirmou ter entregado a Dirceu R$ 4 milhões a pedido do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque -, e do lobista Milton Pascowitch, o juiz Sérgio Moro determinou a prisão do ex-ministro. As investigações indicam que José Dirceu repetiu na Petrobras o esquema adotado no mensalão, crime que o levou a uma condenação de 7 anos e 11 meses. Desse total, ele cumpriu 11 meses e 20 dias e foi beneficiado com prisão domiciliar. Pelos levantamentos do Ministério Público Federal e Polícia Federal, Dirceu recebeu R$ 96 mil da Petrobrás, por 10 anos, entre 2004 e 2013. Dinheiro que recebeu mesmo estando atrás das grades.
Dirceu foi preso com o irmão e outros amigos
Durante a operação desta segunda-feira, a polícia apreendeu o computador e o celular do ex homem forte de Lula. No mesmo momento da sua prisão, também foram detidos Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu e sócio dele na JD Consultoria, além de Roberto Marques, ex-assessor do petista em Ribeirão Preto. Também foram presos o lobista Fernando de Moura, Olavo de Moura, Pablo Kipersmit e o funcionário da Petrobras Celso Araripe. O foco principal dessa fase são os beneficiários de pagamento de propinas envolvendo contratos com o Poder Público, incluindo beneficiários finais e “laranjas” utilizados nas transações. Foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A defesa de Dirceu informou que irá se manifestar somente após ter acesso aos documentos que motivaram a prisão.
PT nega acusações. Como era esperado
As operações financeiras ilegais e a participação no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato foram negadas pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, em nota divulgada na tarde de ontem “ Todas as doações feitas ao PT ocorreram estritamente dentro da legalidade, por intermédio de transferências bancárias, e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”. O lobista Milton Pascowich falou em seu depoimento, que o ex-tesoureiro do PT, João Vacari Neto, recebia propina na sede do partido, em São Paulo. “O Partido dos Trabalhadores refuta as acusações de que teria realizado operações financeiras ilegais ou participado de qualquer esquema de corrupção”. Rui Falcão não quis comentar a prisão de José Dirceu. Mas o temor dos petistas é que a prisão venha a abalar ainda mais a popularidade da presidente Dilma e a condução dos trabalhos no Congresso Nacional. Os boatos que circulam nos gabinetes em Brasília são os de que José Dirceu estaria disposto a fazer a delação premiada e, com isto, diminuir a sua pena, já que a sua situação é agravada pelo fato de ser reincidente. Ele estava em prisão domiciliar devido ao seu envolvimento no escândalo do mensalão, quando foi preso em Brasília.