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Discurso vazio de acusações sem provas

Paulo César de Oliveira
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Há uma histeria política no país. Alimentados por uma fala sem sustentação do presidente Bolsonaro (foto), grupos agora vão às ruas, em carreatas, pedir a adoção do voto impresso nas eleições de 2022. Aprovar esta medida está na pauta de prioridades do presidente que aos mais sensatos passa, não a impressão, mas a certeza de que procura criar polêmicas para ocultar a realidade de que seu governo está com desempenho bem abaixo do esperado por quem acreditou em seu discurso. Além disto, busca tirar do foco discussão sobre denúncias graves de corrupção envolvendo os seus, enquanto enche o peito para dizer que em seu governo ninguém rouba. Tanto nas denúncias que faz, quanto nas defesas que sustenta, não apresenta provas. Age como se fosse a cópia de seu ídolo, Donald Trump, a caminho de ser defenestrado da política americana por suas irresponsabilidades, muitas delas copiadas, sem retoques, por Bolsonaro. Afinal, aonde quer chegar o presidente quando coloca em xeque, sem provas e cerimônias, o processo eleitoral brasileiro? Quando aponta o dedo contra outro Poder, o Judiciário, a quem, mesmo que indiretamente, acusa de conivente com a trapaça nas urnas? Ao fazer estas acusações, de cima do palanque da reeleição, Bolsonaro desrespeita um sistema reconhecido mundialmente e deixa claro que, assim como Trump, pretende promover questionamentos, e até – porque não? – um golpe, caso seja derrotado em sua tentativa de um segundo mandato. Não seria este seu desejo quando, em 2018, iniciou o “sambinha de uma nota só” de fraude nas urnas, enquanto disputava a eleição, ainda sem sinais de que venceria? Venceu e não questionou a vitória, colocando-a sob suspeita. Agora volta ao tema, num momento em que se mostra amplamente derrotado, através dos candidatos que apoiou, na disputa municipal. Derrota que poderá se tornar mais acachapante na disputa do segundo turno, no próximo domingo, em 57 cidades, 18 delas capitais, com mais de duzentos mil eleitores. Seu discurso acusatório não terá reflexos nestas eleições assim como, em princípio, a derrota que sofreu na disputa municipal não deverá influir na disputa de 2022. Mas não se pode negar que o “rei está nu”. Está evidente que não tem a força que, junto com seus parceiros, alardeia ter. Sem ações práticas de governo, Bolsonaro é hoje, politicamente dependente do “centrão” um grupo tido por seus adversários, como capaz de muita coisa na política. Inclusive de fraudar votações.

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