Há certos temas que nos obrigam a, de quando em vez, voltar a abordá-los, pela importância e impacto que têm na vida das pessoas. A violência é, sem dúvida, o melhor exemplo. Ela é do cotidiano de todos nós, ainda mais se tomada em todas as suas formas. Mas, ciclicamente, parece ganhar maior importância em função de seu recrudescimento. Sem dúvida, vivemos um destes momentos. É assustador ver pelos veículos de comunicação, como a violência está absolutamente sem controle em todo o país. O pior estado é, sem dúvida, o Rio de Janeiro, onde historicamente primeiro pelo jogo do bicho, depois pelo tráfico, os criminosos agem como Estados paralelos, impondo suas regras, seja pelo poder das armas, seja pelo pagamento de propinas. Esse profissionalismo era restrito ao Rio, mas se expandiu para São Paulo e, desde o ano passado, explodiu pelo país, atingindo estados menores com um grau de brutalidade inimaginável. Hoje a violência, estimulada, na maioria dos casos, pelas drogas, atinge até mesmo as menores comunidades onde, até bem pouco tempo, não se imaginava que fosse. E não há perspectivas de melhoria do quadro. A falência financeira e moral do Estado brasileiro não nos permite enxergar nada, que não seja a piora. Nossos governadores, transformados em síndicos de massa falida, não têm recursos suficientes para manter um aparato de segurança que seja minimamente estruturado para enfrentar o cada dia mais estruturado e ousado mundo do crime. Mas apenas equipar tropas, melhorar presídios não serão suficientes para conter a violência. Precisamos de uma revisão geral na nossa legislação penal. Não que se queira implantar o terror de Estado, mas também não vamos conseguir inibir o crime com uma legislação branda, que trata os criminosos de hoje como se ainda fossem os românticos bandidos de décadas passadas. Não, o crime praticado por um solitário – a não ser nos casos passionais- é praticamente uma exceção. Hoje o crime é coordenado, com especializações dos grupos e com infraestrutura de apoio. Não é raro a polícia fazer apreensão de armas que são alugadas a quadrilhas para ações mais complexas. Este é apenas um exemplo do que seja a organização destes grupos. Não duvidem se a sofisticação destes grupos já seja bem próxima da montada pelos corruptos que tomaram conta do Estado brasileiro e que impedem, pela ação política, o endurecimento da legislação penal. Temer que teve, até aqui, apesar de seu envolvimento com a lama, a coragem de propor e sustentar reformas importantes para a economia do país, bem que poderia assumir mais está de mudança na legislação penal. Ajudaria a salvar muitas vidas.