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Economia forçada

Paulo César de Oliveira
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Os gastos com a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar da Câmara, mais conhecida como “Cotão”, despencaram nos primeiros 32 dias da votação remota. De 18 de março a 18 de abril de 2020 foram 48% a menos na comparação com o mesmo período de 2019. Em valores absolutos: passaram de R$ 19,7 milhões para R$ 10,3 milhões. O Cotão é um valor mensal que a Câmara banca a cada deputado para pagar passagens aéreas, escritórios políticos fora do Congresso, divulgação do mandato e outras despesas.

 

Entendam esse milagre

O resultado foi puxado pelas passagens aéreas. A Câmara está funcionando em regime de votação remota para evitar que os corredores e o plenário fiquem lotados durante a pandemia. Os deputados podem participar das sessões por seus celulares. A maioria tem ficado nos estados de origem. Os que comparecem presencialmente passaram a sair menos de Brasília. Antes, esses deslocamentos eram semanais para quase todos os deputados. Dessa forma, o gasto com passagens aéreas foi de R$ 6,97 milhões de 18 de março a 18 de abril de 2019 para R$ 69.644 no mesmo período deste ano. A baixa foi de cerca de 99%. O número inclui tanto bilhetes que deixaram de ser comprados quanto créditos de passagens devolvidas.

 

Dissecando os números

Os dados são oficiais. Ainda não é possível comparar os números mais recentes com os de 2019 porque os deputados têm até 90 dias para apresentar as notas fiscais e pedir reembolso das despesas. É provável que essa economia quase total com passagens aéreas esteja diminuindo. No início da quarentena era raro encontrar no Congresso um deputado que estivesse participando presencialmente do Plenário. Agora tem sido mais comum. Apenas três tipos de despesa que podem ser pagas com o Cotão subiram no período analisado. Em termos absolutos, o mais significativo foi a manutenção de escritório fora do Congresso. De 18 de março a 18 de abril de 2019, o gasto foi de R$ 1,96 milhão. Em 2020, R$ 2,08 milhões, alta de 6%. Subiram também os aluguéis de barcos e de aviões. Os deputados que mais usam esses serviços são os da região Norte, que têm uma infraestrutura de transporte menos desenvolvida.

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