Envolvida no processo eleitoral no Rio Grande do Sul, a ex-senadora Ana Amélia (foto/reprodução internet), disse que ela ficou mais preocupada com as abstenções acima de 30%, do que a disputa entre os extremistas, que nas eleições municipais ficou em segundo plano. Para ela, “o índice elevadíssimo da abstenção é a negação da sociedade à política e aos políticos e ao sistema eleitoral brasileiro. Isso para mim foi o alerta maior.”
Para Ana Amélia, a sociedade precisa entender que “em um regime democrático, o caminho para resolver todas as questões de interesse, sejam individuais ou coletivas, passa pela política. Passa por uma eleição no município, no estado ou no país. Na eleição para autoridade municipal, para o prefeito, é onde são decididas as questões. Da convivência urbana local à e outras questões, seja na área urbana, na área de saúde, educação, da própria segurança. É na questão rural, é que é dependente dos municípios. A maioria deles que convive com os desafios urbanos e rurais, bem como nos nas grandes metrópoles, médias ou grandes metrópoles. Uma abstenção superior a 30%, em um país em que o voto é obrigatório, é muito grave, porque não dá para você dizer que a multa é muito baixa. Não, eu acho que não é isso. É a descrença ou descrédito, a frustração do cidadão, do eleitor com a política e com o sistema político atual. E a polarização, a polarização nesse aspecto, veio para aumentar ainda mais essa, eu diria indignação da sociedade com esse clima de guerra permanente”.
Mais do que uma questão ligada aos políticos, Ana Amélia entende que esse também é um problema com as instituições. Mas observa que as instituições não se movem sozinhas. Elas se movem por pessoas, pelos seus agentes, que são os agentes políticos no Congresso Nacional ou no ambiente político que é no parlamento municipal, a Câmara de vereadores, o prefeito municipal, nas assembleias, o governador. Envolve, segundo ela, os agentes do Poder Legislativo, do Poder Executivo e inclusive do sistema judiciário brasileiro, envolve o Ministério público e o Poder Judiciário. É no conjunto das instituições que estamos enfrentando também um enfraquecimento perigoso. É isso que aconteceu agora”.
A decisão do ministro Gilmar Mendes em relação ao ex-ministro José Dirceu, que teve o processo contra ele anulado e restaurado seus direitos políticos, é um exemplo disso. Para Ana Amélia, o descrédito das instituições é perigoso, ainda mais “no caso da instituição que deveria merecer da sociedade o maior respeito e a maior confiança, que é exatamente fazer justiça, e essa destruição de todo o processo Lava Jato, que ganhou repercussão Internacional e que foi comparada ao processo das mãos limpas, na Itália, que teve resultados impressionantes, no Brasil está vivendo o caminho inverso. Quer dizer, qual é a mensagem que isso traz? No Brasil, existe impunidade e vale a pena cometer crime.” Ela lembra que todos os empresários, os grandes empreiteiros que estavam envolvidos na operação Lava Jato, todos eles foram absolvidos. E os que não foram serão pelo mesmo princípio do que já aconteceu com os antecessores pelas decisões tomadas pelo ministro é Toffoli, agora pelo ministro Gilmar Mendes. É isso, assim sucessivamente.”