O assunto pensava-se superado, mas o presidente Jair Bolsonaro (foto) fez questão de retomá-lo com toda força, numa demonstração de que ainda acredita ser possível vencer uma eleição sem ideias, sem projetos, simplesmente abrindo frente de guerra que motivem os radicais. Não há outra explicação para, do nada, o presidente reabrir a polêmica sobre a segurança da votação, sistema dentro do qual se elegeu várias vezes deputado federal e chegou à presidência da República. Em uma live na semana passada o presidente afirmou que as Forças Armadas tinham descoberto possíveis vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, confirmando assim as suspeitas da possibilidade de fraudes. A resposta ao presidente veio rápida em tom forte. Em entrevista, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso – que deixa o cargo no próximo dia 28, disse que o presidente mente: “ele não precisa de fatos, a mentira está pronta”. Segundo o ministro, um militar que faz parte da Comissão de Transparência das Eleições, apresentou uma série de perguntas sobre o processo poucos dias ante de se iniciar o recesso. Foram perguntas, não comentários sobre vulnerabilidades, que estão sendo respondidas”. Ao retomar o tema, envolvendo agora o Exército, a quem de forma indireta atribui a constatação das vulnerabilidades, que insiste em denunciar sem provas, Bolsonaro reafirma o tom de sua campanha e assanha seus seguidores radicalizados, numa tentativa de conter a erosão de sua base de apoio. Radicalizando de seu lado, Bolsonaro presta um favor ao seu principal adversário, Lula, pois mexe com as bases petistas, violentas e radicais, e inibe o surgimento de outras candidaturas, inibidas pela violência verbal- que facilmente pode se transformar em física- das duas tropas de choque. Inibição que, infelizmente, se inicia, muitas vezes dentro das próprias famílias pois não são raras as queixas de pessoas quanto a impossibilidade de discutir política mesmo em encontros familiares pelo fanatismo dos membros dos dois principais grupos em disputa. É exatamente que querem os dois que, se lideram as pesquisas em intenções de voto, lideram também em rejeição. (Foto reprodução internet)