Integrantes do que se convencionou chamar de gabinete do ódio tentaram assassinar a reputação de Sérgio Moro (foto) tão logo ele saiu do governo. Após uma análise isenta de tudo que ocorreu em sua pasta desde que ele assumiu, é óbvio que o seu pedido de exoneração foi por justa causa, para usarmos um jargão jurídico. Uma sutileza escondeu o essencial. O que move os políticos profissionais (refiro-me ao presidente da República) não é principalmente um idealismo programático, mas a busca (ou manutenção) do poder. Quando têm sorte, esse objetivo converge para a onda do momento. O político que se julga esperto sempre imagina surfar a onda certa no momento certo. O presidente não contava, no entanto, que o seu ex-ministro fosse, também, um aplicado estudante de política. E ao perceber que estava contribuindo para um processo que minava sua reputação, optou por não mais dar murro em ponta de faca. Com essa opção evitou a onda naquele momento, para tentar pegar uma mais favorável adiante. Bolsonaro (foto) vai continuar a se expor com a sua tática de cooptação do centrão e o seu destrambelhado comportamento frente à pandemia do coronavírus. A motivação dos dois personagens que se romperam estimula muitas hipóteses. Uma delas pode ser o crescimento de Moro em decorrência da queda de popularidade de Bolsonaro. Em política, o vácuo tem enorme poder de atração e sempre suga a bola da vez para ocupá-lo. Pensem nisso.