De um lado receita, de outro, despesa. Entre elas é preciso haver equilíbrio. Simples assim. Agora, o que atrapalha a receita é a despesa. Também simples assim. Mas estes detalhes simples não foram observados por nossos ilustres administradores públicos nos últimos anos. Aumentaram muito as despesas, especialmente as fixas, sem levar em conta o que já estava bem claro: o país caminhava rapidamente para uma redução drástica de sua atividade econômica. O resultado está aí: governos que não conseguem nem mesmo manter em dia o pagamento de seus servidores e que, por isso mesmo, nem podem prometer investimentos. Investimentos que poderiam equilibrar este quadro perverso, aumentando a receita pelo incremento da economia. O atraso no pagamento dos salários não é grave apenas pelos seus efeitos diretos sofre quem os recebe. Tão impactante quanto é na vida de quem conta com o pagamento, o atraso impacta também na credibilidade dos governos junto aos investidores. Agrava a crise de confiança que tem sido um dos fatores geradores de nossas crises econômica e política. Como dar crédito a quem anda devendo no armazém da esquina. A quem precisa vender o almoço para pagar o jantar? É exatamente isto o que está acontecendo com quase todos os governos estaduais, se não a totalidade, e com praticamente todas as prefeituras. É preciso ter coragem, desprendimento político, para encarar o povo e dizer a verdade. Dizer que não é possível fazer o que foi prometido. Pelo menos por agora. Dizer aos servidores que o caixa não aguenta pagar mais benefícios. Dizer aos parceiros políticos que não é possível continuar criando cargos para trocar por votos. É preciso reequilibrar o balanço, extirpar o que avacalha a receita. É preciso, enfim, cortar as despesas. Assumir que ainda somos um país pobre. Até porque, ensina o povo, dinheiro não aceita desaforo.