A ascensão de Donald Trump representa uma mistura de modernidade e retomada de antigas tendências dos Estados Unidos. Seu triunfo só foi possível devido às mudanças tecnológicas e à fragmentação da mídia, em um contexto, onde as fronteiras entre política e entretenimento se tornam cada vez mais difusas. Contudo, há também um eco da época anterior à Segunda Guerra Mundial, quando o país mantinha uma postura isolacionista e protecionista, atitudes que contribuíram para um período de instabilidade global. Com sua recente vitória, Trump possui um mandato reforçado e, provavelmente, o controle de Washington necessário para avançar suas políticas.
Em vez de seguir a tradição americana de livre comércio e alianças duradouras, ele adota uma postura mercantilista, promovendo tarifas e ampliando o déficit orçamentário com cortes de impostos e desregulamentação massiva. Essa abordagem pode trazer benefícios pontuais, mas também riscos, como favorecimento de aliados influentes e uma administração mais radical. No plano externo, Trump tende a tratar a diplomacia como transações comerciais, buscando vantagens imediatas. Isso pode resultar em acordos surpreendentes, como uma possível solução para o conflito na Ucrânia, mas também pode aumentar a desconfiança entre aliados tradicionais.
Se os parceiros dos EUA se virem forçados a buscar autossuficiência em defesa, novas potências nucleares podem surgir, ampliando a insegurança global. O exemplo de Trump também influencia outros países, revigorando o populismo e inspirando líderes como Jair Bolsonaro e potenciais figuras como a extremista francesa Marine Le Pen (foto/reprodução internet). Sua administração promete romper com regras, levando os EUA a um caminho imprevisível e desafiando a ordem internacional. A era Trump não trouxe a incerteza, mas certamente a intensifica.