O ex-presidente Fernando Henrique (foto) disse ontem, em Brasília, que a presidente Dilma precisa explicar à população o quê mais virá após o corte de R$ 69 bilhões no orçamento, anunciado na sexta-feira. “Quando você faz uma contenção fiscal, tem que explicar ao país o quê virá depois, porque foi feita, qual é a esperança, qual o horizonte. Uma contenção fiscal é uma cirurgia sem anestesia. Agora estamos vendo apenas nuvem negra, aí as pessoas ficam nervosas, não aceitam”. O ex-presidente “tucano” afirmou não ser contra a contenção. A anunciada pela agora pela equipe econômica, segundo ele, é o resultado dos erros dos governos petistas. “O Brasil foi tão mal governado nos últimos anos que o corte fiscal é consequência disto. A situação fiscal é de tal maneira difícil e foi consequência dos erros dos governos, que agora, com o corte, o governo está pagando seus pecados”.
Convergência, não adesão
Na palestra que fez ontem, em uma universidade particular em Brasília, Fernando Henrique criticou a política econômica dos governos petistas e atribui os problemas atuais da Petrobras muito mais a erros de estratégias e ao clientelismo do que à corrupção. O “tucano” reconheceu que o país evoluiu nos últimos anos, mas cobrou uma “convergência nacional” para a superação da crise. “Não sei se estamos pegando o caminho certo, mas sinto falta de uma liderança capaz de fazer alguma convergência. Quando falo isto dizem que estou pensando em aderir ao governo Dilma. Não é nada disso. Estou falando em convergência. Cada um pode ficar em seu canto”. Sobre o posicionamento do PSDB em relação ao pedido de impeachment da presidente, Fernando Henrique afirmou que não se trata de ser contra o pedido, advertindo, que para se propor o impeachment de um presidente, é preciso ter provas cabais. Para ele, há mais possibilidade de prosperar uma ação por crime comum contra a presidente, por causa das “pedaladas” fiscais no ano passado, do que uma ação política, como o impeachment. Na plateia ouvindo o ex-presidente, formada basicamente por estudantes, os ex-ministros do Supremo, Ayres Brito e Francisco Rezek.