Joesley, – a figura é ele, os outros são meros coadjuvantes – está na cadeia. Por enquanto prisão temporária, coisa de poucos dias, mas que, como tem acontecido, deve virar preventiva. Seu erro: gravar conversa de bêbados, como ele mesmo definiu seu diálogo com Ricardo Saud, executivo de sua empresa, quando ambos colocaram, de forma irresponsável, muita gente sob suspeita e praticamente desmoralizaram a delação que deu imunidade a Joesley e seu irmão Wesley. Ficou fora da cadeia o ex- procurador da República, Marcelo Miller, suspeito de ter orientado toda a delação dos irmãos Batista. Fachin resolveu não acolher o pedido de sua prisão. Bom, mas quais serão os efeitos desta prisão é o que se especula tanto, no meio político quanto no jurídico. Tecnicamente o debate é quanto a validade ou não das provas entregues na delação. Valem ou não, se perguntam os juristas. Valendo, ainda têm credibilidade para convencer parlamentares? Ainda dariam sustentação a outra denúncia contra o presidente Temer, capaz de conseguir, na Câmara Federal a autorização para abertura de processo no Supremo contra o presidente? Do lado jurídico é quase certo que o STF vá manter a validade das provas. Politicamente é assunto morto. Interessa a muita gente, da situação e da oposição, que o instituto da delação perca a credibilidade. Joesley e Janot cuidaram de fazer este trabalho, de tal forma que a possibilidade de enfrentar um processo no Supremo, parece, saiu das preocupações do presidente. Ele agora, como anunciou no sábado, após almoço no Jaburu, o ministro Meirelles, vai se dedicar inteiramente às articulações para a aprovação das reformas, com atenção especial para a da Previdência. Com esta disposição para fazer aprovar uma reforma tão impopular, Temer só pode estar despreocupado em relação as flechadas do Janot que, é bom lembrar tem apenas mais seis dias no cargo. Em entrevista publicada ontem, neste blog, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, homem com sólidos e profundos conhecimento de economia e com fantástica experiência política pela convivência no meio, disse acreditar que a economia chega ao final de 2018 com crescimento entre 3 e 4%, embora com índices ainda elevados de desemprego. Um crescimento assim, acredita Mendonça de Barros, pode reverter o atual quadro de rejeição a Temer. Para o economista não será surpresa se Temer terminar o mandato com aprovação de 50%. Mas para isto, ele precisa fazer as reformas que embasem o crescimento econômico. Temer (foto), ao que parece, resolveu apostar nisso.