A direção nacional do PT se rendeu aos argumentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e amenizou as críticas à presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. No documento aprovado após o encontro de ontem (29), em Brasília, a prioridade será a defesa do legado do PT e do ex-presidente Lula. Mas alfineta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (foto), e a ala conservadora da Casa, que “flertam com o impeachment presidencial”. O documento traz, ainda, críticas à condução das investigações da operação Lava Jato, “dos vazamentos seletivos, prisões abusivas, investigações plenas de atropelo e denúncias baseadas em delações arrancadas a forceps e sem provas comprobatórias, desrespeito ao devido processo legal, ao amplo direto de defesa dos acusados e prerrogativas no exercício profissional de seus defensores, entre outros eventos, revelam a apropriação de destacamentos repressivos e judiciais por grupos subordinadas ao antipetismo, que atuam com o intuito de extinguir o Partido dos Trabalhadores e difamar o maior líder popular da história brasileira”. O PT considera que as eleições do ano que vem terão um significado especial e critica a oposição por não reconhecer o resultado da última eleição.
Enquanto PT recua, PMDB avança
O PMDB divulgou nessa quinta-feira (29) um documento com o nome de “Uma ponte para o futuro”, em que defende caminhos diferentes dos adotados pelo governo pra tirar o país da crise. O partido assegura que isto não representa um rompimento. O documento é, na prática, uma ruptura do PMDB com o atual modelo econômico do governo e deixa claro que o partido tem um caminho próprio e daqui pra frente vai segui-lo mesmo que isto signifique um choque com as propostas do governo. O documento afirma ainda que o Brasil se encontra em uma situação de grave risco, numa profunda recessão que deve continuar em 2016. Afirma também que a situação poderia não ter atingido o estado em que chegou, caso o Governo Federal não tivesse cometido os excessos que cometeu, seja criando novos programas, seja ampliando os antigos, ou mesmo admitindo novos servidores ou assumindo investimentos acima da capacidade fiscal do estado. O documento adverte que é preciso mudar a forma de administrar o país, mudar leis e até mesmo normas constitucionais, sem o que a crise fiscal voltará sempre, cada vez mais intratável, até chegarmos a uma espécie de colapso. O documento sustenta que qualquer ajuste de longo prazo deveria, em princípio, evitar aumento de impostos. No documento os peemedebistas elencam uma série de medidas que consideram fundamentais para a recuperação da economia brasileira. “Nós entendemos que precisamos percorrer um novo caminho. Que abra a capacidade de investidores virem investir no Brasil, de empreendedores se jogarem nos seus empreendimentos, de termos uma inflação controlada. E de termos confiança. Confiança no futuro para que voltemos a trabalhar sabendo aonde queremos chegar”, declarou o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, articulador do documento que será discutido na convenção do partido no mês que vem.