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Lula passa pelo constrangimento de ser conduzido pela PF

Paulo César de Oliveira
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A 24ª etapa da Operação Lava Jato foi a mais explosiva de todas as desencadeadas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, ao longo dos dois anos de apurações do “petrolão”. A ordem de condução coercitiva do ex presidente Lula (foto), expedida pelo Juiz Sérgio Moro, provocou uma enorme comoção popular e dividiu o país entre os que apoiavam a decisão e os que viam nela uma tentativa de desmoralizar Lula e o PT. De lado a lado houve radicalizações, inclusive agressões físicas à frente do apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, e no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para onde o ex presidente foi levado para prestar depoimento à polícia. A “Operação Aletheia”(verdade em grego) atingiu ainda o filho mais velho de Lula, Fábio Luiz, sua mulher Marisa, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto e mais sete pessoas, em sua maioria empresários. Ao todo foram expedidos 44 mandatos, sendo 33 de busca e apreensão. Marisa ficou fora da condução coercitiva. Todos os intimados prestaram depoimento para esclarecer, principalmente, os favores das empreiteiras a Lula e o uso de recursos do Instituto Lula para pagamentos a empresas do filho do ex presidente. Enquanto so depoimentos eram colhidos, procurador, delegado e auditor fiscal da força tarefa concederam entrevista explicando as razões da Operação e as suspeitas, com fundamentos robustos, sobre a participação de Lula no esquema do petrolão. Lula, após três horas de depoimentos, fez pronunciamento na sede municipal do PT de São Paulo, depois concedeu entrevista coletiva e, à noite, fez outro discurso durante ato promovido pela CUT e por alguns movimentos sociais em sua defesa. Em todos os seus pronunciamentos o ex presidente procurou se colocar como vitima de uma armação “das elites” que querem destruí-lo e ao PT. A presidente Dilma também fez pronunciamento em defesa de Lula mas usou a maior parte de seu discurso para desqualificar a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que a acusou de ter pleno conhecimento de tudo o que aconteceu na Petrobras. À noite o senador Aécio Neves, presidente nacional do PMDB, soltou nota pedindo calma aos militantes dos dois lados e afirmando que as questões que envolvem Lula não serão resolvidas nas ruas, com violência. “Serão resolvidas pelos tribunais”.

 

Pimentel diz que ação da Polícia Federal em relação ao ex-presidente Lula foi uma violência

O governador Fernando Pimentel divulgou, ontem, uma nota em que expressa preocupação em relação à condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento na Polícia Federal. Para o governador mineiro, trata-se de uma violência aos direitos individuais garantidos pela constituição. “Vi com extrema preocupação o desenrolar dessa última etapa da chamada operação ‘Lava Jato’. Os mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão, expedidos contra o ex-presidente Lula, seus familiares e os funcionários do Instituto Lula, constituem claramente uma violência aos direitos individuais garantidos pela Constituição Brasileira a todo e qualquer cidadão. Lula jamais se negou a prestar esclarecimento sobre o que quer que seja demandado pela Justiça brasileira. Não há nenhuma justificativa para esse ato, que ultrapassa o território judicial e mostra a intenção político-midiática que infelizmente está caracterizando esse tipo de ação. Manifesto aqui minha indignação, como cidadão e militante democrático desde a juventude. E minha integral solidariedade a Lula, sua família e demais companheiros”.

 

Deputada Jô Morais participa em SP para manifestação de apoio à Lula

A deputada federal mineira Jô Morais, PC do B, esteve ontem, na sede do PT em São Paulo, para prestar solidariedade ao ex-presidente Lula, após o seu depoimento à Polícia Federal. Segundo a parlamentar, ele foi recebido com muitos abraços em meio a indignação da militância petista e dos partidos aliados. Ela foi à São Paulo para uma reunião da executiva nacional do partido, mas os membros do diretório nacional acabaram adiando o encontro para acompanhar o ex-presidente Lula.

 

Manifestação de apoio

O movimento “Frente Brasil Popular Minas”, formado pela CUT, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Refundação Comunista, por movimentos sociais, sindicais, e partidos políticos, organizaram um ato ontem, no Hall das bandeiras na Assembleia Legislativa. O ato intitulado como “Vigília Democrática contra o Golpe” foi reforçado com a presença dos deputados petistas.

 

Repercussão nas redes sociais

Teve de tudo nas redes sociais durante a sexta-feira, tão logo a Polícia Federal começou com a 24ª fase da Operação Lava Jato. Artistas se posicionaram a favor, contra e muito antes pelo contrário. Fotos da atriz Glória Pires dizendo “não sei opinar” também acompanharam as milhares de mensagens divulgadas na internet. O ex-presidente Lula virou meme e apareceu em várias situações, inclusive recebendo o japonês da federal. Mas nem tudo foi piada. Muitos militantes e simpatizantes petistas trocaram ofensas e ataques principalmente no Facebook e no Twitter. O governador Fernando Pimentel também usou o Facebook para se manifestar contra a ação da Polícia Federal e prestar apoio ao ex-presidente Lula.

 

Transparência internacional diz que legado de Lula não serve como justificativa contra corrupção

O presidente da ONG Transparência Internacional, o jurista peruano José Ugaz, entende que o ex-presidente Lula foi um presidente de esquerda que ficou conhecido pelas bandeiras sociais, mas este legado não serve de justificativa contra a corrupção. Ugaz também elogiou a operação da Polícia Federal e entende que a operação Lava Jato está sendo um caso positivo de combate à corrupção não apenas no país, mas na América Latina. “Claro que ainda estamos falando de acusações que precisam ser investigadas e provadas, e que a investigação tem que ser mais profunda. Mas este já é um caso emblemático para a região. A Lava Jato está chegando aos altos escalões no Brasil. E mostra que o combate à corrupção não deve levar em conta a importância política ou econômica de ninguém”, concluiu.

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