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Meirelles adverte: solução da Previdência mais à frente será pior

Paulo César de Oliveira
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A equipe econômica assumiu um tom mais alarmista para defender a necessidade de aprovação, pelo Congresso, da reforma da Previdência, dias após o presidente Michel Temer ter cedido aos apelos políticos e aberto mão de importantes pontos da proposta original e que vão reduzir a economia de despesas em mais de 100 bilhões de reais em uma década. Os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento), defenderam, nessa segunda-feira, que se a reforma não for aprovada neste ano, direitos dos aposentados serão cortados num futuro próximo e a economia não se recuperará bem em 2017. “Temos a oportunidade de fazer a reforma da Previdência sem cortar direitos”, afirmou Oliveira, acrescentando que, se ela for postergada por mais 2 ou 3 anos, essa “janela se fecha”. Meirelles (foto) foi mais contundente: “a solução lá na frente será muito pior”, afirmou ele, ao se referir à necessidade de se aprovar a reforma agora.

 

Reforma é fundamental para a economia

Meirelles, para quem a reforma é uma questão de necessidade, não de opinião, disse ainda que a aprovação mais rápida da reforma da Previdência é fundamental para recuperação da economia em 2017. Já Oliveira destacou que, sem a reforma, os juros estruturais do país serão mais altos e que o governo está propondo uma reforma gradual, que não reduz benefício e não aumenta a carga tributária para os aposentados. “Se não fizermos reforma, em 10 anos a Previdência vai responder por 80 por cento das despesas do governo”, acrescentando que, com isso, “o governo estaria inviabilizado”. Segundo ele, a proposta é que o trabalhador rural contribua para Previdência com o equivalente a 5% sobre o salário mínimo.

 

Setor financeiro acredita na aprovação da reforma no terceiro trimestre

O projeto de reforma da previdência defendido pelo governo de Michel Temer deve ser aprovado pelo Congresso Nacional entre o segundo e o terceiro trimestres, disse nessa segunda-feira o diretor da entidade que representa as instituições financeiras no Brasil, Anbima, José Eduardo Laloni. Em teleconferência com jornalistas, o executivo afirmou que o mercado financeiro conta com esse cenário e que a tendência de queda da inflação e dos juros é suporte ao otimismo dos investidores, o que deve elevar o volume de captações de recursos com instrumentos como ações e debêntures, disse.

 

As distorções das aposentadorias no Brasil

As dificuldades que o presidente Michel Temer tem em avançar com a reforma da Previdência é a de convencer a sociedade a, mais uma vez, se sacrificar para pagar por privilégios de uma parcela da população, que se distancia, a cada dia mais, da realidade do brasileiro. Os números apresentados pelo professor de economia da USP e especialista em Previdência, José Roberto Savoia, apontam para as diferenças que as nossas excelências querem esconder. A realidade é que a média da aposentadoria de um trabalhador na iniciativa privada é de R$1.600; no Executivo a média das aposentadorias é de R$ 9 mil; no Judiciário, de R$ 25 mil; no Legislativo de R$ 28 mil e no Ministério Público a média das aposentadorias é de R$ 30 mil. Nossas excelências não aceitam mudar as regras, alegando direito adquirido. As mudanças só podem atingir os que forem ingressar no setor público. Quem vai pagar essa conta? Ou quem tem coragem de igualar os direitos de todos os brasileiros?

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