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Metade dos servidores dos estados vai se aposentar em dez anos

Paulo César de Oliveira
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Nos próximos dez anos aproximadamente 48% dos servidores públicos hoje na ativa nos estados, vão requerer aposentadoria. Isto significa mais um milhão e quinhentas mil aposentadorias, o que certamente vai fazer alastrar a crise dos governos estaduais, hoje já explodindo em alguns deles como, por exemplo, o Rio de Janeiro, considerado ingovernável tal a gravidade de sua situação financeira. Autor do estudo que aponta este grande número de aposentadorias num horizonte próximo, o professor Nelson Marconi (foto), da Fundação Getúlio Vargas, não tem dúvida de que os estados não vão suportar esta carga. Esta questão da Previdência, segundo o economista Paulo Tafner, especialista no assunto, tem razões históricas que foram agravadas com a redemocratização. A Constituição de 1988, lembra ele, reforçou a presença do Estado em vários setores, demandando muita mão de obra. Além disto, a aposentadoria especial concedida a militares e professores – os primeiros passando para a reserva com 46, 47 anos, e as professoras se aposentando aos 50 anos- sobrecarregam o sistema, elevando ao limite do suportável as despesas com pessoal na administração pública. Militares e professores formam, em qualquer um dos estados, o maior contingente de servidores. Além disto, é importe lembrar que a população está vivendo mais e, portanto, recebendo por mais tempo o benefício da aposentadoria. O estudo divulgado neste final de semana por vários veículos de comunicação, refere-se apenas às administrações estaduais, mas, com certeza, não é diferente na União e nos municípios. O que foi levantado pelo professor Marconi só confirma a urgente necessidade do país discutir, de forma desapaixonada, a questão previdenciária no setor público e também no privado. O debate em torno da reforma previdenciária está demagógico. Nem se pode dizer que está politizado. A questão, ao contrário do que alguns tentam fazer crer, não é ideológica, não é de vontade de um governo que persegue os pobres e os velhinhos desamparados, mas de caixa. Não há dinheiro para cumprir com as obrigações previdenciárias agora. Nem haverá para atender no futuro. E esta não é uma dificuldade apenas nossa. São vários países que já enfrentaram esta questão. Enfrentaram com coragem. Agora, com muito atraso, é a nossa vez. Não temos como fugir disto. A não ser, claro, que alguém tenha uma fórmula mágica que o mundo ainda não descobriu.

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