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Mujica disse em Ouro Preto que função da política não é gerar a corrupção

Paulo César de Oliveira
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Os que esperavam um discurso contundente do ex-presidente Uruguai, senador Pepe Mujica (foto), em defesa da presidente Dilma, saíram frustrados da cerimônia de entrega da medalha da Inconfidência em Ouro Preto. O orador oficial da cerimônia filosofou sobre as diferenças entre os seres humanos, entre as classes sociais e o direito à igualdade. Mujica alegou não conhecer detalhes da situação brasileira, mas falou em defesa da democracia na América Latina, frisando que a função da política não é a corrupção. “A função da política não é aplacar, é negociar as inevitáveis diferenças que se apresentam na sociedade. O homem é um animal político. A função da política não é gerar a corrupção. A função da política é lutar por um mundo melhor”, afirmou.

 

Preocupação com a União Europeia

A política, na visão de Mujica é a luta por um mundo melhor. O pior resultado que pode acontecer em relação ao conflito no Brasil, é o desencanto. O Brasil, segundo ele, é muito forte. A maior preocupação do ex-presidente do Uruguai é em relação a fragilidade dos países do Cone Sul, em relação ao comércio internacional e em especial com a União Europeia. Ele defende o alinhamento dos países para esta batalha mundial “entre ricos e pobres”. Para ele, mesmo um país gigantesco como o Brasil, sozinho, não vai conseguir avançar.

 

Jaquetão e jeans

O ex-presidente Pepe Mujica destoou entre as autoridades presentes na cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência. Usando jaquetão preto e calça jeans dobrada na barra, Mujica parecia bem à vontade. Ele foi condecorado com a Grande Medalha, discursou e andou pelas ladeiras históricas sem se incomodar com o assédio dos moradores e turistas que estavam na cidade.

 

Uma defesa cuidadosa, sem comprometimento

Depois da cerimônia, em uma rápida entrevista, o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, disse que “a direita pode pensar que magicamente, ao tirar Dilma, conserta a crise. Não podem”. Mujica disse que o Brasil se encontra no ponto mais baixo da crise do próprio capitalismo e esse é um problema do sistema: quando há dor na sociedade, procuram encontrar em quem colocar a culpa. “Vai passar tempo e o brasileiro vai perceber que nada é tão mau, nem tão bom”. Ao ser perguntado se o que está acontecendo no país é um golpe, respondeu que “no meu país há um ditado: não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem” e acrescentou que não gosta que corrijam o voto do povo.

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