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Não pergunte o que o Estado pode dar a você. Preocupe-se com o que ele pode tomar de você

Paulo César de Oliveira
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“O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar”. A frase do economista Roberto Campos (foto), um crítico feroz do estatismo, mais uma vez ficou comprovada na paralisação dos transportes no país. O enorme prejuízo causado à nossa economia por dez dias de caminhões à beira da estrada evidenciou o quanto é desastroso o monopólio estatal na produção de um bem estratégico para o setor produtivo. Foi o monopólio que permitiu a verdadeira política de desmonte da Petrobras, que, se não se iniciou no governo petista, foi nele que ganhou força via corrupção. Foi o monopólio que sustentou a política com aumentos praticamente diários dos preços dos combustíveis, que levou ao movimento de paralisação que uniu empresários e empregados. Houvesse concorrência e não existiria tanta corrupção. Houvesse concorrência e teríamos mais transparência na política de recuperação da empresa. As oportunísticas greves dos petroleiros e dos metroviários, em plena crise, numa evidente tentativa de enfraquecer ainda mais o cambaleante governo Temer, reforça a tese dos que são contra a presença do Estado como ator produtivo. Aliás, uma faixa estendida por petroleiros à porta da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, na Região Metropolitana de BH, no primeiro dia da greve, dava a exata dimensão do que pensam e como agem os funcionários das estatais. “A Petrobras é nossa”, diziam os grevistas na faixa, externando claramente como se sentem. Com raras exceções, os servidores, sejam da administração direta, da indireta ou das empresas, se sentem como seus legítimos donos e acreditam que dela podem se servir. Afinal, ganharam este direito através de concurso. Mas, por mais estranho que pareça, não tiveram qualquer reação quando o que consideram suas propriedades foram pilhadas pelos grupos políticos aos quais seus sindicatos são ligados. Aí, silêncio total. É hora da sociedade rediscutir o papel do Estado. O momento é este, quando o Estado brasileiro se mostrou não apenas mau gestor econômico, mas hesitante e omisso. O movimento só chegou aonde chegou por omissão dos governadores e do governo federal. Demoraram a agir com medo de possíveis repercussões políticas. Não tiveram coragem de usar os instrumentos legais de que o Estado dispõe, com medo de um suposto apoio da sociedade aos grevistas. Na verdade, o apoio da classe média só existiu porque ela viu no movimento para derrubar o preço do diesel um bom instrumento para tentar derrubar também o preço da gasolina. Omitiram, deixaram chegar ao descontrole e tiveram que ceder. Qual o custo disso para a sociedade, ninguém sabe.

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