A ex-presidente Dilma Rousseff (foto) negou, em nota, que tenha pedido doações de campanha ou autorizado o uso de caixa 2, como afirmou em seu depoimento na quarta-feira à Corregedoria da Justiça Eleitoral, o empresário Marcelo Odebrecht. No texto, distribuído ontem por sua assessoria, Dilma afirma que “a insistência em impor à ex-presidente uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos”. No depoimento, feito por Odebrecht no processo que pode levar à cassação da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer, eleita em 2014, o empresário afirma que negociou primeiro com o ex-ministro Antonio Palocci –preso pela operação Lava Jato– e depois com o ex-ministro Guido Mantega uma contrapartida pela aprovação de uma medida provisória em 2009 que beneficiaria o grupo. O empresário disse ainda que, a pedido do ex-ministro, teria organizado doações de outros empresários à campanha. Os recursos não foram usados na campanha de 2010, segundo Odebrecht, e ficaram como crédito. Depois disso, o empresário ainda negociou uma “doação espontânea” por caixa 2 que, somados aos recursos anteriores, chegaria a 300 milhões de reais. Odebrecht afirmou ainda que, por conta desse crédito, Mantega teria pedido que ele então pagasse uma dívida de campanha com o publicitário João Santana, em um valor entre 20 e 40 milhões de reais.
Segundo a nota, tudo foi muito legal
Na nota, Dilma afirma que é “mentirosa” a afirmação de que teria pedido recursos a Odebrecht ou a outros empresários ou que tenha “autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois, durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014”. Dilma nega, também, que tenha indicado Mantega como seu representante para arrecadação financeira e que as campanhas tinham tesoureiros registrados. “Por fim, cabe reiterar que todas as doações às campanhas de Dilma Rousseff foram feitas de acordo com a legislação, tendo as duas prestações de contas sido aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral”, diz o texto. Também por conta do depoimento de quarta-feira, um dos advogados de Temer no processo afirmou que as declarações de Odebrecht são “basicamente o que estava na delação” premiada do executivo e que é cedo para ter um posicionamento da estratégia de defesa.