O Plantão Judiciário da Justiça Federal no Rio de Janeiro negou ontem à tarde, o pedido de prisão domiciliar sem tornozeleiras eletrônicas dos cinco presos na Operação Saqueador da Polícia Federal. Na sexta-feira o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, concedeu prisão domiciliar para Carlos Augusto Ramos (foto), o Carlinhos Cachoeira; Adir Assad; Marcelo Abbud; Cláudio Abreu e Fernando Cavendish. Entretanto, devido à crise financeira do governo do Rio, faltam tornozeleiras eletrônicas. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que os presos foram transferidos do presídio Ary Franco, em Água Santa, zona norte do Rio de Janeiro, para o presídio Bangu 8, em Bangu, zona oeste, onde ficam os presos com curso superior. Ainda segundo a Seap, somente na quinta-feira (7), as novas tornozeleiras devem chegar.
Rio de afunda na crise do preço do petróleo
A queda do preço do petróleo, e consequentemente a redução dos royalties, agravaram a crise do Rio de Janeiro. Para especialistas, o estado criou uma dependência do dinheiro dos royalties, deixando de investir em outros setores da economia, e utilizou mal os recursos que abasteceram por anos os cofres estaduais. E agora, sem dinheiro para arcar com compromissos, o governo do Estado busca novas fontes de receita e conta com o socorro da União. Para o professor de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Alexandre Szklo, o Rio de Janeiro já passava por uma crise financeira, que foi aliviada com o boom da produção e exploração de petróleo no estado, incentivada com a descoberta do pré-sal em 2007. No entanto, com a baixa do preço do barril, os problemas voltaram e com força maior. “O Rio de Janeiro passava por uma crise, teve uma ressurgência econômica atrelada ao petróleo. Agora, revive a crise e com uma característica de maior complexidade, porque a população do Rio de Janeiro cresceu, a economia cresceu. A complexidade dos serviços demandados pela população e requeridos pelo estado do Rio de Janeiro são muito maiores hoje do que anteriormente ao boom da indústria do petróleo fluminense”, disse Szklo.
Indústria do petróleo é como o elefante
Em 2016, o estado do Rio de Janeiro prevê arrecadar R$ 58,8 bilhões e as despesas devem ficar em R$ 78,8 bilhões, o que significa um déficit perto de R$ 20 bilhões. A queda de arrecadação e os reflexos da crise econômica do Brasil são apontados pelo governo estadual como alguns dos fatores que levaram à difícil situação financeira. No caso do petróleo, a queda nos preços do produto e a redução de projetos da Petrobras afetaram a cadeia de fornecedores e, com isso, a arrecadação com ICMS caiu. Nos primeiros quatro meses de 2016, a receita com o tributo atingiu R$ 10,7 bilhões. Já com os royalties, a queda na arrecadação ficou em 38% de 2014 a 2015, e para 2016 a previsão de recuo é de 60%, se comparado com o recolhimento há dois anos. O professor Alexandre Szklo afirma que o estado ficou extremamente dependente da indústria de petróleo e não se preparou para as baixas desse mercado. “O que se fala na engenharia do petróleo é que essa indústria é como se fosse um elefante. Como os investimentos são extremamente de capital intensivo e de elevado risco, e é uma indústria global, demora muito para começar a correr e depois para parar, por isso é como se fosse um elefante. Na verdade, se vive o ciclo de euforia e depois o ciclo de tragédia”.
Eduardo Paes agora dá lição de moral e de administração
Incomodado com o clima de insegurança com a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) criticou duramente o governo estadual na manhã de ontem. Paes recomendou ao governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), que “arregace as mangas” e comece a trabalhar para conter a crise no estado. Na semana passada, além de equipes alemãs de televisão terem seus equipamentos roubados, o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Júnior, aventou a possibilidade de hospitais fecharem as portas por causa da crise financeira.”Está atrapalhando demais o Rio de Janeiro esse ‘chororô’. Agora está na hora de trabalhar. Confio no governador Dornelles e espero que ele coloque o secretariado para arregaçar as mangas e pare de tanto blá-blá-blá”, disse Paes, após reunião em um hotel na Barra da Tijuca. Ao comentar a possibilidade de hospitais fecharem as portas durante as Olimpíadas, o prefeito emendou: “É hora de assumir as responsabilidades, os recursos estão disponibilizados, o presidente Michel Temer ajudou, deveriam estar agradecendo, lambendo os beiços e tocando a vida”. O governo federal acabou de repassar 3 bilhões de reais ao Rio de Janeiro. Especificamente sobre o roubo de equipamentos dos alemães que estão na cidade para cobrir os Jogos, Eduardo Paes avalia que “falta comando”. O prefeito ainda lembrou que o governo estadual não conseguiu cumprir a promessa de despoluir a Baía da Guanabara e a Lagoa do Jacarepaguá. “Está na hora de prestar serviço e atender à população.”