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O comportamento do presidente

Paulo César de Oliveira
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A semana começa com a expectativa de sempre: em qual esparrela o presidente Bolsonaro vai cair nestes dias. Começo até a concordar com os que defendem que o comportamento atabalhoado do presidente é estratégico, como aliás, já registrei aqui. Os que apostam nesta tese garantem que ele cria situações chamando para si o debate político rasteiro, desviando a atenção sobre o que realmente interessa ao governo. Enquanto se discute pontos na Carteira Nacional de Habilitação, e agora um possível fim da obrigatoriedade de frequentar autoescola para ter habilitação, as reformas passam longe do debate da população. E os que se animam ao debate, se contrários, ainda são chamados de esquerdistas sem amor ao país. Um debate provocado pelo presidente se são apenas os veganos, que só se alimentam de vegetais, que se preocupam com o meio ambiente, abafa bem a curiosidade do povo sobre a nomeação do filho Eduardo, deputado federal, para a embaixada dos Estados Unidos ou o interesse pelo andamento das apurações dos atos pouco republicanos praticados pelo filho Flávio, senador, na Assembleia Legislativa do Rio. Ontem, o outro Bolsonaro criador de factoides, o filho Carlos, lançou o seu primeiro da semana ao dizer em artigo publicado por um órgão amigo, que o país é o maior cabide de emprego do mundo. Logo ele que é acusado de empregar, em seu gabinete de vereador no Rio, parentes de sua madrasta que moram em Minas. Para criar os fatos o presidente, às vezes, atropela até seus auxiliares mais conceituados. O último atropelado foi o General Augusto Heleno, que chefia o Gabinete de Segurança Institucional-GSI. O gabinete, em nota, bem que tentou salvar o presidente do constrangimento de ter colocado parentes em helicóptero da FAB para serem levados a um casamento. O GSI tentou explicar o fato, dizendo que o transporte dos parentes foi autorizado por uma questão de segurança pois, de carro, teria que transitar em áreas violentas. Bolsonaro desmentiu. Disse que os parentes pediram e ele autorizou pois não tinha como negar. Pode ser estratégia, mas pode ser estilo também. De qualquer forma tem dado certo. Mas vai precisar dar muito mais certo, se o governo quiser mesmo levar adiante os projetos de reforma. Há questões polêmicas e uma crescente cobrança dos parlamentares do grupo que pode ser definido como “base móvel”, por cargos e emendas parlamentares. Tratar este pessoal no supetão não resolve. Só faz aumentar o preço dos apoiamentos. O melhor a se fazer é entregar o manejo político aos que têm se mostrado capaz de fazê-lo, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Até aqui deu resultado. Bem pensado, pode continuar funcionando.

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