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O enigma do pleno emprego imperfeito

Paulo César de Oliveira
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Gabriel Galipolo

Gabriel Galípolo (foto / Lula Marques/Agência Brasil) voltou a cutucar a lógica econômica com uma sinceridade rara no comando do Banco Central. Para ele, o mercado de trabalho está aquecido — e negar isso seria tapar o sol com a peneira. Mas, ironicamente, é justamente essa vitalidade que empurra a autoridade monetária a ser mais cautelosa. Com a Selic hoje em 15%, o mercado especula sobre um corte para 14,75% em janeiro, mas Galípolo não entrega o jogo: num ambiente forte e resiliente, diz ele, o BC precisa caminhar com humildade. O dilema é que o Brasil insiste em desafiar os manuais. Desemprego baixo deveria impor pressão inflacionária; juros altos deveriam cortar vagas. Nada disso ocorre de forma previsível. O próprio presidente do BC admite que “não há solução elegante” para explicar correlações tão mal-comportadas. Dados recentes reforçam o paradoxo: o IBGE mostrou desemprego em 5,4%, mínima histórica; o Caged, porém, registrou o pior outubro em criação de vagas formais desde 2020. Enquanto isso, 2025 se aproxima carregando tensões próprias: eleições no Brasil e nos EUA, remessas de fim de ano que podem mexer com o câmbio e um mercado curioso que descobre que vale-presente, apesar da fama modesta, virou negócio crescente. Tocqueville talvez sorrisse: sociedades modernas gostam de parecer racionais, mas seu pulso real costuma contar outra história.

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