Expurgando-se as comoções de um Lula preso e um Bolsonaro esfaqueado, qual será o resultado das pesquisas eleitorais? Esta é uma dúvida que só será dirimida bem próximo das urnas. Até aqui, convenhamos, considerando-se o que tem sido apresentado nos programas eleitorais, nas redes sociais e até mesmo em entrevistas realizadas por praticamente todos os veículos de comunicação, não há nenhuma razão objetiva para se definir votos. Ninguém, de forma especial entre os mais cotados, apresentou propostas concretas. Um se apresenta como o guarda da esquina que vai acabar com a violência. Outro como procurador que, no poder, fará tudo o que o seu representado faria. Há até quem prometa pagar dívidas e quem, num passe de mágica, vai gerar empregos aos borbotões, o que poderá até fazer com que o Brasil abra suas fronteiras a todos os povos em busca de mão de obra. Quem já foi governador anda prometendo a implantação no país de programas que deram certo em seus estados. Esquecem que entre sua vontade e a realidade, existem governadores a quem compete incrementar ações que são apresentadas como soluções nacionais. Neste vazio de propostas acaba prevalecendo a emoção. E os dramas pessoais têm sido muito bem usados por seguidores tanto de Lula quanto de Bolsonaro. Da parte de Lula, seus advogados mais parecem marqueteiros eleitorais, tal o volume de peças jurídicas que tentam inventar só para gerar notícias e apresentá-lo como vítima de um mundo mau, que o impede de salvar o país. Pelo lado de Bolsonaro, busca-se apresentar o candidato como um titã que tentam destruir para que não salve o país de si mesmo. Heróis, na verdade, são todos eles, se considerarmos o discurso que apresentam. São capazes de curar espinhela caída, enxergar o que há do outro lado da lua e até fazer o sertão virar mar, como aliás, um deles vem tentando convencer o eleitor de que iniciou esta transformação. Com tantos mágicos disputando, fica difícil saber como o eleitor faz sua escolha. Analisando propostas não é. Talvez no segundo turno, que parece certo, tenhamos uma disputa entre o Papai Noel e o Saci-Pererê. Se é complicado descobrir como o eleitor faz a escolha nas disputas para presidente e governador, é praticamente impossível saber como ele define seu candidato para o Legislativo, senador e deputados. Quando se analisa, ou se tenta analisar, as escolhas, o que se vê é uma absurda confusão nos votos. O eleitor não tem nenhuma fidelidade a uma corrente ideológica. Vota em nomes e, por isso, é o único responsável pela prática de compra de votos, para formar a tal governabilidade, que tanto recrimina depois. Para o eleitor, partido no Brasil é mesmo o que ele é: nada. Serve apenas para dar um número ao candidato. E então seu voto acaba transformando a política naquilo que a sabedoria popular define como “um balaio de gatos com um cachorro dentro”. Cenário ideal para quem quer fazer da política campo de enriquecimento ilícito. E como tem gente querendo!