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O poder em jogo

Paulo César de Oliveira
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Ontem foi dia de agito político em Brasília. Enquanto os parlamentares do grupo pró impeachment ocupavam os microfones da Câmara, deixando falação em defesa do impedimento, os pró Dilma corriam atrás dos votos dos indecisos e até mesmo dos que são mais receptivos a mudança de posicionamento, dependendo em que “ouvido” conversem com ele. Pelo menos um, dado como voto certo favorável ao impedimento, virou casaca e anunciou que agora está no grupo do contra o impedimento. Waldir Maranhão (foto), do PP maranhense, mudou o voto sem explicar as razões. Já Clarissa Garotinho, outro voto contabilizado como a favor do impeachment, resolveu antecipar a licença maternidade e não estará em plenário amanhã. A oposição garante que, apesar das duas perdas, ainda tem votos de sobra para “impichar” a presidente que, ontem, abriu as portas do Planalto para conversar com indecisos e opositores, na tentativa final de garantir estancar logo o movimento pelo seu impedimento. É que o governo, ao contrário do que pensava, descobriu que, se o pedido chegar ao Senado, o impeachment é certo. Hoje a presidente teve uma derrota no Supremo Tribunal Federal que, mais uma vez, recusou recurso para a paralisação do processo na Câmara. Ela também teve que cancelar, na última hora, um pronunciamento que faria, em rede nacional, defendendo o seu mandato. A Advocacia-Geral da União, comandada pelo ministro Cardozo, achou arriscado o pronunciamento que poderia caracterizar crime. O discurso que ela já havia gravado aparece hoje nas redes sociais, onde já está um pronunciamento de Lula, divulgado ontem, com o velho discurso do golpe. Hoje Brasília, onde já estão várias caravanas de prós e contras o impeachment, assiste mais uma etapa da luta de “vale tudo” em que se transformou a tentativa de impedimento. Na Câmara Federal o plenário ficará aberto para que mais de 200 parlamentares falem durante muito tempo sobre nada, em mais uma sessão presidida pelo alvo predileto agora dos petistas, o deputado Eduardo Cunha que, segundo uma delação na Lava Jato divulgada ontem, teria recebido mais de R$ 50 milhões em propina, paga em parcelas mensais durante dois anos. A capital federal viveu também um dia de boatos. O mais “cabeludo” de ontem indicava que vários parlamentares estavam saindo da cidade, em jatinhos, para só voltarem após a votação do impeachment. Enquanto isto, o muro colocado para separar as duas torcidas, pró e contra Dilma, foi transformado em rede de vôlei por grupos de alegres manifestantes.

 

Quem decide sobre crime de responsabilidade é o Congresso

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu ontem que não cabe à Corte discutir se a presidente Dilma Rousseff praticou ou não crime de responsabilidade. Para o ministro, somente o Congresso pode avaliar se o crime ficou configurado no processo de impeachment. “Compreendo que não cabe a esta Suprema Corte sobrepor o seu juízo sobre a configuração ou não de crime de responsabilidade dos atos de execução orçamentária praticados pela presidenta da República, ao juízo a ser formulado pelo Parlamento. Nessa linha, condicionar, ou não, à prévia manifestação do Congresso Nacional sobre as contas da presidenta da República a configuração de atos de execução orçamentária como crime de responsabilidade significaria usurpar a competência exclusiva do Parlamento de proceder ao juízo de mérito”, argumentou Fachin. A afirmação do ministro está na decisão na qual ele rejeitou mais uma ação para anular o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O ministro não aceitou as argumentações do senador Telmário Miranda (PDT-TO), que pretendia barrar o processo porque as contas do governo da presidente, referentes ao exercício de 2015, não foram julgadas pelo Congresso.

 

População de Belo Horizonte quer impeachment de Dilma e de Michel Temer

Pesquisa de opinião realizada pelo Grupo de Opinião Pública da UFMG em parceria com o Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, em Belo Horizonte, revela que 67% dos entrevistados são a favor do impeachment da presidente Dilma e 68% desejam o mesmo para o vice-presidente Michel Temer. Os entrevistados também apontam que seria melhor para o país a convocação de novas eleições (38%). O impeachment vem em segundo lugar com 23% de preferência, pouco acima da manutenção da presidente Dilma no poder (18%). A expectativa quanto a melhorias da situação política e econômica do Brasil com a eventual saída da presidente, indica que vai melhorar muito para 12% dos entrevistados, Vai melhorar alguma coisa para 35%, somando 47% de expectativa positiva. Para 30% vai continuar a mesma coisa e para 18% vai piorar.

 

Avaliação das instituições

Em uma escala de zero a 10 para medir a confiança nas instituições, a média das notas dos partidos políticos é de 2,0; do governo federal 2,6 e do Congresso 2.7. No outro extremo estão as igrejas (5.9), as Forças Armadas (5.5), as ONGs (5.4), a mídia (5.0) e o STF com 4.9. Foram ouvidos 801 moradores de Belo Horizonte entre os dias 12 e 13 de abril. A pesquisa tem intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

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