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O poder que corrompe os deslumbrados

Paulo César de Oliveira
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O poder inebria, entontece e, não raras vezes, corrompe. E não imaginem que seja apenas o poder político que faz tudo isto. Outros poderes, mais reconhecidamente o econômico, transformam o homem. A mistura do poder político com o econômico então é altamente explosivo e destruidor. De reputações especialmente. O país sabe bem disto, pois vê atrás das grades alguns de seus líderes políticos e grandes empresários, envolvidos em negociatas escandalosas, próprias dos que se inebriaram com o poder e tomaram como seus o Estado. Os que estão presos, os que estão sendo processados e os que, até aqui, conseguiram esconder seus malfeitos, não são os únicos, não são os primeiros nem serão os últimos a se envolveram com a corrupção que o poder propicia. O mundo é assim. A diferença é que aqui entre nós, resta a impunidade. A onda de combate à corrupção, lamentavelmente, vai passar. Ela não é fruto de uma tomada de consciência da população. É, queiram o não, resultado de ação de alguns poucos. Para que o país mude, será preciso que cada um de nós mude. Que deixemos para trás a cultura do levar vantagem em tudo e, fundamental, que deixemos de ser inocentes políticos. Nos iludimos facilmente com discursos e pessoas, e não nos preocupamos com a qualidade de quem escolhemos nas urnas. Partimos do princípio de que todos são iguais e, por serem iguais, tanto faz o eleito. Lá de vez em quando, somos tomados por uma indignação incontida, imoderada e decidimos mudar. Aí somos facilmente envolvidos pelo discurso fácil dos que prometem mudar tudo, acabar com a corrupção e tornar um paraíso a vida de todos. Invariavelmente quebramos a cara. Nos frustramos. Nos sentimos enganados por vermos juntos, os que elegemos símbolo do combate a corrupção, de braços com conhecidos corruptos que, como camaleões, mudam de lado e aderem ao poder, seja ele quem for. Essa é a prática no Brasil. E nada sinaliza que será diferente. Basta dar uma olhada nos grupos que vão se formando para sustentar as candidaturas em segundo turno. São os mesmos de sempre, somados aos que chegam, marinheiros de primeira viagem que, acreditam que sozinhos serão capazes de mudar o mundo. São os deslumbrados com o poder. Rapidamente descobrirão que, na política e na vida, não é bem assim. Ceticismo? Não. Puro realismo. É assim que a coisa funciona desde sempre. Nem mesmo no período do autoritarismo, as coisas mudaram. Aliás, em certos aspectos pioraram. A corrupção é um exemplo disto. Os governos militares foram coniventes com a corrupção, na certeza de que tinham o processo sob controle. Perderam. Muitos foram cooptados pelo sistema que permitiram funcionar para dar aparência de que vivíamos numa democracia. Muito do que temos hoje ainda é herança daquele período. Pela violência afastamos os bons. Como em política não existe espaço vago, as cadeiras foram sendo ocupadas pelos ousados, que estão sempre dispostos a servir aos senhores do poder. Reafirmo a minha sugestão. Olhem as listas dos eleitos. Você vai sentir falta de algumas velhas figuras. Mas a maioria está lá E já aderiu ao líder das pesquisas. Desculpem, mas nada vai mudar.

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