Como funciona a cabeça do eleitor numa disputa de segundo turno em que seu candidato no primeiro, é um dos candidatos? O que o faz rever ou manter seu voto? Este é o drama dos candidatos e de seus marqueteiros, ainda mais quando a disputa, como a atual coloca em oposição candidatos com posicionamento político tão distinto. Outro ponto que intriga os que acompanham a política mais de perto- e até mesmo os próprios políticos- é a capacidade de transferência de voto numa disputa de segundo turno. O que significa, por exemplo, o apoio de um candidato derrotado no primeiro turno ao que está na disputa final? Esse apoio é realmente significante ou serve apenas para alimentar campanha? E o apoio de um governador eleito no primeiro turno a um candidato que disputará o segundo turno para a presidência da República significa mesmo transferência de votos? Há entre os próprios políticos uma divisão clara. Há os candidatos capazes de transferir votos e os que são apenas bons de voto, o que quer dizer que o apoio declarado a alguém não significa levar seus eleitores para este candidato. Bolsonaro e Lula têm apresentado várias adesões de concorrentes e de governadores eleitos em primeiro turno ou que disputarão o segundo. Isto mexe com os números, em especial o apoio dos governadores já eleitos? O número de pontos de interrogação neste texto indica o tamanho da dúvida que atormenta os cientistas políticos que não se arriscam a gravar um resultado para a disputa presidencial, apesar das primeiras pesquisas indicarem uma vantagem para Lula. Os candidatos a presidente e governadores- nos estados onde a disputa ocorrerá- têm uma outra dificuldade a resolver, esta sim com enorme capacidade de alterar o resultado das disputas. No primeiro turno mais de 31 milhões deixaram de comparecer para votar, um número que impacta muito os resultados. Levar estes eleitores, capazes de mexer com o resultado final, é um desafio colossal para políticos e marqueteiros especialmente considerando dois pontos: 63% da população tem medo do aumento da violência no dia da eleição e, historicamente desde a redemocratização, a abstenção é maior no segundo turno. (Foto reprodução internet)