“Se cercar vira hospício, se cobrir vira circo”. A frase, de pensador popular, mostra exatamente o Brasil, não de hoje, mas de muito tempo. Somos um país sem rumo que a cada eleição consegue piorar sua representação política, resultado de um fascínio do eleitor pelo político populista, o de discurso fácil, de soluções prontas. É preciso que o povo se conscientize de que o Brasil, não é um caso fácil. Somos sim um país de riquezas incomuns. De um enorme potencial econômico que, no entanto, salvo raras exceções, não encontrou lideranças capazes de empurrá-lo rumo ao seu futuro. Somos o eterno país do futuro que está sempre a posterga-lo. Agora mesmo, em vez de caminharmos para frente, estamos retrocedendo. Tanto em termos econômicos quanto em termos políticos. Um puxa o outro, embora a política seja a força destruidora da economia. Infelizmente estamos fazendo política de amadores, que transformaram o palanque – que ainda é cedo para ser usado – em picadeiro. ´Pessoas despreparadas, que mal sabem o que falam, andam a vociferar contra adversários inexistentes. Gritam na esperança de chamar a atenção da família do Poder, pensando que assim conseguirão se manter em evidência. Mal sabem, por ignorância mesmo, o mal que fazem ao país e a si mesmo pois, ao destruírem as estruturas nacionais, jogam o Brasil às hienas do capitalismo, ávidas por oportunidades em países desacreditados, dispostos a pagar alto preço para captarem investimentos. É isto que vai acontecer ao Brasil pós pandemia. Não teremos credibilidade, por não oferecermos segurança jurídica, para atrair o capital responsável. Só nos restará a submissão às hienas internacionais, enquanto as internas estarão às gargalhadas, pensando serem vitoriosas. É preciso dar um basta. O país não pode continuar nesta paranoia, vendo comunista “dentro do pinico”, como diziam dos militares do golpe de 64. Vendo um Hitler a cada esquina. Chega de radicalismos, de disputas que agitam os idiotas e oportunistas. Temos problemas reais a serem superados. Não precisam alimentar campanhas eleitorais antecipadas com radicalismos dos que dele se utilizam em proveito próprio. Pois continuarão radicais alugados qualquer que seja o governo. Chega, o Brasil que pensa, o Brasil que enxerga depois da curva está cansado do Brasil que não consegue ver além de seu próprio umbigo. Foi este Brasil míope que nos levou à triste condição de um dos vice-líderes de mortes por coronavírus. Que situação e oposição, lamentavelmente mais a situação neste momento, aprendam a lição deixada por Sólon, estadista grego: “aprende a governar-te a ti próprio antes de governar os outros.”