Responsável pela economia brasileira durante 13 anos no regime militar e um dos principais conselheiros do ex-presidente Lula em seus dois mandatos, o ex-ministro Delfim Netto (foto) é hoje um dos acusados na Operação Lava Jato, suspeito de ter recebido propina para ajudar um consórcio a ganhar a licitação para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte (PA). Apesar disso, o controvertido economista é um admirador da operação que levou procuradores, policiais federais e o juiz Sergio Moro ao status de celebridade. No seu entendimento, a “Lava Jato” está acabando com as relações promíscuas entre Estado e empresas, aprimorando as instituições e criando condições para o Brasil voltar a crescer. Quanto às acusações que pesam contra ele, Delfim Netto diz que só obteve honorários por serviços de consultoria regularmente prestados.
Dilma não respeitou quem votou nela
Delfim rebate os que atribuem a crise brasileira à LavaJato. Para ele a operação não tem “nenhuma” culpa pela atual crise do país. O atual cenário, na sua opinião, foi gerado pelos erros de Dilma na condução da economia. Entre eles, a diminuição “populista” do preço da energia elétrica, a redução forçada da taxa de juros e o controle do preço da gasolina. Mas o erro decisivo, na visão de Delfim, veio quando a petista nomeou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, um mês após ser reeleita. Assim, ela adotou sem rodeios as medidas de austeridade defendidas pelos seus adversários Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), que tanto criticara durante a campanha eleitoral. “Com isso, ela perdeu toda a credibilidade, e pior: naquele mesmo instante, ela perdeu dois terços dos que haviam lhe dado um voto de confiança, para os quais ela não prestou a menor satisfação por que tinha mudado. Então, é imediato”, opina o economista.
Seria apenas um “puxão de orelha”
Para piorar, o PT lutou contra Eduardo Cunha, pela presidência da Câmara dos Deputados, e perdeu feio. Com a economia, o Congresso Nacional e a sociedade contra, Dilma perdeu a capacidade de governar, e virou alvo de um processo de impeachment por condutas que, em condições normais, seriam punidas apenas com “um puxão de orelha do Tribunal de Contas da União”, argumenta Delfim Netto. Com a recente morte do ex-ministro da Casa Civil Rondon Pacheco, Delfim virou o último sobrevivente da reunião que aprovou o Ato Institucional 5, que recrudesceu a censura, suspendeu o Habeas Corpus de acusados de crimes políticos e deu ao Executivo o poder de dissolver o Congresso. A opinião de Delfim está numa entrevista ao site do Consultor Jurídico- Conjur.