Além de pressionar as expectativas de inflação e a curva de juros, causando um efeito reverso ao pretendido, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT contra o Banco Central (BC) têm sido permeadas por imprecisões e exageros. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a declarar que o BC não deu “um pio” no ano passado sobre a elevação de gastos do governo Bolsonaro em meio à corrida eleitoral. Mas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, comandado por Roberto Campos Neto (foto), e as atas das reuniões mostram o contrário.
O poder dos bancos centrais
Os bancos centrais são menos poderosos do que as pessoas imaginam. Se não houver confiança de que o governo pagará as suas dívidas, cedo ou tarde a inflação sairá do controle. A tese – que se aplica bem ao Brasil, mas é um princípio geral – é do influente economista John Cochrane, que argumenta que a persistência da inflação, em última análise, tem em sua raiz causas fiscais. “Se o governo continua se endividando sem prestar atenção em como pagar essa dívida, um dia as pessoas perdem confiança e começam a se livrar dos títulos públicos.” (Foto/reprodução internet)