“Se está com desejo, estupra mas não mata”. Paulo Maluf na campanha presidencial de 1989. “O papel da minha mulher na campanha é dormir comigo, um papel muito importante”. Ciro Gomes, campanha presidencial de 2002. “Qual pai que nunca deu um tapa no bumbum do filho”, Jair Bolsonaro, campanha presidencial de 2018, comentando ordem do ex-presidente Geisel de exterminar os inimigos considerados mais perigosos do regime militar. Estes são alguns exemplos do destempero verbal e descontrole emocional dos candidatos no processo eleitoral. Alguns mantém este descontrole, como Fernando Collor, o que dizia ter “aquilo roxo” para enfrentar as dificuldades. Pelo visto, esta será uma campanha de muitas frases destemperadas, considerando a presença de Ciro e Bolsonaro. Ciro, que na semana passada falou diversos palavrões, não compreendidos pela plateia, claro, em palestra em Estocolmo, já vem sendo aconselhado a colocar uma trava na língua para não se complicar politicamente.Já deveria ter aprendido com a lição de 2002, quando perdeu muitos votos femininos pela fala considerada machista. Mas, destemperos à parte, a campanha sucessória segue fria e vazia de ideias. Nada até agora que possa sustentar uma decisão do eleitor. Nada que indique que o quadro vai mudar. Para piorar, as disputas estaduais não entusiasmam, com o eleitor totalmente desligado, anestesiado pela crise. Preocupados mesmo com as urnas, apenas os candidatos e os seus dependentes. Isto é muito ruim. Indica que tudo vai permanecer como está, com pouca ou nenhuma renovação. Vamos ter que esperar mais um tempo para exercitar o otimismo.