O MDB não é um partido sólido. Ao contrário. Dele o que se pode dizer é que é um partido líquido, que se molda aos espaços por onde escorre em busca de uma saída. É o que se assiste agora. Tanto na disputa presidencial quanto nas estaduais a legenda tenta encontrar um espaço onde possa, não defender propostas de interesse de seus eleitores e do país, mas assegurar a eleição ou a reeleição de seus candidatos aos Legislativos, na certeza de que, seja qual for o eleito, o partido terá uma cadeira no balcão de negócios de todo início de governo. É a necessidade dos governantes de assegurar a chamada governabilidade que custa caro, muito caro, ao cidadão. Mas o novo MDB, que herdou do velho MDB da resistência ao regime militar apenas as letrinhas, entra aqui apenas como um exemplo. Não há como fazer diferenciações entre os nossos partidos políticos. São diferentes apenas no discurso antes de chegar ao Poder. Quando o alcançam, adotam logo o discurso da necessidade de formação de alianças parlamentares, sem a qual não se governa. Antes da disputa, vale juntar “tabu com cobra” num mesmo palanque, como forma de se conseguir alguns segundos a mais no horário eleitoral gratuito. Exemplo de um casamento assim? A possível aliança do PT com o MDB em Minas, que como admite o deputado Saraiva Felipe (foto), que deverá assumir hoje a presidente do diretório estadual emedebista, pode criar uma situação constrangedora, colocando lado a lado no palanque a ex presidente Dilma, que fala em disputar o Senado, com a bancada do MDB que votou a favor de seu impeachment. PT e MDB, ou parcela destes partidos, não se importam com o constrangimento ou Dilma vai tomar uma rasteira? Vai ser convidada a entregar a vaga para alguém do MDB, Adalclever Lopes, por exemplo? Não menos constrangedor será a falada aliança de Ciro Gomes com o DEM e outras legendas do chamado centrão. Ciro, hoje com discurso de esquerda, terá que voltar ao passado de apoiador do regime militar, para adotar propostas bem à direita se quiser os minutos do centrão. Alckmin, com sua férrea formação católica, terá que arrumar seu discurso para encaixar o pensamento e as propostas evangélicas de quem deseja o apoio e o espaço eleitoral. E por aí vão se formando os casamentos que, com absoluta certeza, não trazem qualquer benefício para o país. Só para quem dele faz parte. É só para uma conferida nas pautas dos Legislativos e observar a inércia dos governos, comparando-a com a desenvoltura dos que fazem da política um lamaçal.