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Os três anos de governo Zema no Conexão Empresarial

Paulo César de Oliveira
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O último Conexão Empresarial de 2021 foi com o governador Romeu Zema (foto), em almoço palestra no Hotel Ouro Minas. No evento promovido pela VB Comunicação, Zema falou para empresários, políticos e autoridades sobre os três anos em que está à frente do governo. Ele lembra que assumiu um estado arrasado e ”conseguimos avanços importantes, com o início de pagamento de R$ 14 bilhões de repasses constitucionais que foram subtraídos dos municípios e que estão sendo devolvidos. Continuaremos esse pagamento, que vai se estender por um bom tempo”. Zema também falou do esforço que o governo fez para regularizar o pagamento dos servidores públicos do estado.

Segundo ele, “tivemos um impacto positivo para os mais de 600 mil servidores do Estado, aposentados e pensionista, que não recebiam de forma regular”. Romeu Zema assumiu o governo com os salários em atraso e com a dívida do 13º, que só foi quitado em sua administração. Após um longo esforço para colocar as contas em ordem, desde o mês de agosto o pagamento foi regularizado e está sendo quitado no quinto dia útil para todos os servidores, aposentados e pensionistas. Zema disse que a “austeridade traz bons resultados, a começar por mim, que dispensei várias regalias”.

O governador ressalta que veio da iniciativa privada e trouxe uma outra visão da administração pública e do potencial do Estado. O difícil foi fazer com que as pessoas entendessem essa nova visão, porque “ficaram viciados de que só dinheiro resolve. Mas além de dinheiro tem muita coisa que ajuda na melhoria de gestão, como gente competente. Não conhecia nenhum dos meus secretários. Todos eles foram selecionados, são especialistas nas áreas em que atuam. Nenhum foi para o cargo por indicação política”. Antes do seu governo, Zema disse que era comum alguém que não era da área da saúde assumir a pasta e o mesmo ocorria em todas as áreas do governo, mas não em seu governo. Ele disse ter contado com a consultoria da empresa Boston Consult Group, no diagnóstico e na elaboração de metas e planos. “O que acontecia no governo era bem longe disso e com essa metodologia, todos os indicadores tiveram melhoria nesses três anos”.

Atração de Investimentos

Um dos resultados do esforço realizado até agora foi a atração de investimentos para Minas Gerais. Zema disse que “no exercício de 2021 vamos superar em investimentos privados a barreira de R$ 100 bilhões, chegando a marca histórica de R$ 189 bilhões. A última gestão conseguiu R$ 26 bilhões. Fica claro que um ambiente mais estável, de previsibilidade, que analisa cada real gasto é mais atrativo e gera mais empregos”. O Estado, segundo ele, também avançou em outros setores como na área de segurança pública e Minas tornou-se o estado mais seguro do país. Outro aspecto importante foi a transparência nas contas públicas. “De acordo com a Controladoria Geral, Minas Gerais saiu de 20º lugar para o 1º lugar em transparência pública”, comemora.

Zema disse ainda que independente da bandeira partidária, trata a todos os prefeitos de forma igual, como a prefeita de Juiz de Fora, a petista Margarida Salomão, que também participou do almoço-palestra promovido pela VB Comunicação. Segundo o governador “não há nesse governo pessoas privilegiadas, estamos dando tratamento igual a todos. Para nós não tem partidos, têm mineiros”.

No balanço de seu governo a empresários, políticos e autoridades, ele disse que tem investido muito na educação com a reforma de mais de 1.300 escolas. Houve também uma melhora nos índices oficiais como o Ideb, onde o estado bateu recordes em matérias como português e matemática. Outro índice importante foi registrado, segundo ele, durante a pandemia, quando “dentre todos os estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste, Minas Gerais foi o menor taxa de mortalidade.

Acordo histórico

Mas foi com o acordo entre o Estado e a mineradora Vale, que Romeu Zema considera que o governo mineiro inovou, ao driblar as desavenças para buscar o ressarcimento após a tragédia em Brumadinho, que causou a morte de 270 pessoas e danos irreparáveis ao meio ambiente. Ele disse ter acompanhado de perto todo o processo e afirma que “tivemos muitas desavenças, porque no setor público, todos querem o protagonismo e vi que juntos, poderíamos conseguir mais. Foram centenas de horas de reuniões e fizemos o maior acordo da história. Temos recursos para ter melhores rodovias, melhores escolas, saúde melhor. São muitas melhorias. Nenhum real desse acordo veio para o cofre do Estado, 100% será investido no serviço público. Vamos deixar um grande legado para o mineiro”. Zema disse que sempre andou muito pelas estradas e quando cruzava a divisa com São Paulo ficava decepcionado com as condições das estradas mineiras, muito inferiores as de São Paulo e que seu sonho é ter as estradas mineiras impecáveis.  

Ele revelou que o objetivo agora é conseguir a mesma tratativa em relação ao desastre ambiental ocorrido em Mariana. Zema disse que ele, o governador do ES, Renato Casagrande, e o governo federal estão trabalhando para que haja um desfecho semelhante ao de Brumadinho. “Mudamos a cultura do litígio para a do diálogo. O que sempre prevaleceu foi isso”, garante o governador.

O mais preocupante agora no governo, para ele, diz respeito a dívida do Estado, que pode ser parcelada em 30 anos, caso o governo de Minas entre no Regime de Recuperação Fiscal do governo federal. Se isso não acontecer, o governo terá que quitar em curto prazo R$30 bilhões. Para que isso aconteça, é necessária a aprovação dos deputados e o ano está terminando, sem que a matéria que trata do assunto entre na pauta. “Temos que ver o que os deputados querem, se é a previsibilidade, ou se tem alguma outra proposta”, questiona o governador.

No seu entendimento, não há fórmula mágica para garantir o desenvolvimento do estado. “Desenvolvimento econômico não é bala de prata. É uma coisa sistêmica. São várias ações que levam a isso. Ninguém quer investir onde quem manda é o crime organizado. A segurança é fundamental. O ensino profissionalizante é outro fator e o Estado está investindo na qualificação profissional para jovens e adultos”. Mas não adianta o Estado caminhar sozinho.

Mudanças necessárias

Zema lembra que nos últimos 40 anos a economia brasileira foi a que menos cresceu. “O Brasil tinha uma economia semelhante à da Coreia. Nesses 40 anos eles avançaram, mas nós somos avessos a mudanças”. Durante esse período, ele disse se lembrar de apenas três mudanças significativas: “a primeira delas foi a implantação do Plano Real, depois no governo Temer houve a reforma trabalhista e nesse governo, a reforma Previdenciária”, que, no seu entendimento, poderia ter considerado a expectativa de vida como gatilho para evitar que daqui há alguns anos, tenha que se fazer uma nova reforma, porque o Parlamento não quer resolver as coisas definitivamente. “Sem as reformas necessárias, o país não vai avançar. Temos um Estado que custa caro, cobra muito e dá pouco retorno. É preciso mais racionalidade para o ente público”.  

Zema reclama que os parlamentares estão mais interessados em coligação entre partidos, que é um assunto irrelevante para o povo. Existem questões mais urgentes, que estão sendo deixadas de lado, como é o caso da tributação brasileira. Segundo o governador, “temos um manicômio tributário no país, temos lá um remendo de reforma. No Brasil quem paga imposto, se depender do juiz, pode ter uma surpresa, pagou a menos pode ser a boa surpresa. Se pagou a mais, contrate um ótimo tributarista, entre com ação judicial, vai receber um bando de fiscais para ver se está certo. Talvez por isso, estamos ficando para traz, temos que tratar bem, quem faz a riqueza do país”. Ele considera que essa é uma questão que causa grande preocupação, principalmente porque “assistimos pautas tão importantes serem relegadas a um segundo plano”.

 Avesso a política, Zema disse que esse não é um assunto a ser tratado no governo, mas no parlamento, que é o lugar adequado para se debater esse tema. Sempre que é perguntado sobre eleições, disse que responde que esse assunto para ele é uma interrogação e acrescenta que “se comentaristas não sabem, eu muito menos. Estou aqui para colocar o Estado em uma situação melhor. Teremos uma avalanche de investimentos, devido ao acordo com a Vale, criando mais empregos e oportunidades. Mas o Brasil precisa avançar também”.

Provocado por empresários

Em resposta a indagação dos empresários, disse que é extremamente otimista em relação a Minas Gerais. Mas ponderou que “entre mal administrado e abandonado, tem uma diferença e acho que estávamos abandonados e Minas Gerais carecia de muitas melhorias, que temos implementado. O nosso grande esforço foi colocar o trem nos trilhos e agora ele precisa de uma velocidade maior. As coisas estão acontecendo e vai chegar um dia que nossas estradas não serão diferentes das de São Paulo.

 Ele também defendeu que Minas Gerais precisa deixar de ser exportador de commodities, ao ser provocado pela prefeita Margarida Salomão para “não sermos obsoletos e sermos ricos em ciência, em tecnologia e inovação”. Zema disse concordar totalmente com a prefeita afirmando que “temos um programa, de agregar o que produzimos”. Mas lembrou que é preciso avançar muito e citou o caso dos produtores de queijo de Minas que foram à França e voltaram com a medalha de ouro. “Eles tinham que produzir de forma clandestina”. Legalizados, os queijeiros fazem sucesso mundo afora. Ele também citou o caso da saca de café vendida a R$ 55 mil, devido ao processo de produção, já voltado para a produção sustentável. Mas ele pondera que “você pode subir, mas não pode pular os degraus. Isso é algo gradativo”.

Cobrado pelo presidente da Faemg, Antônio de Salvo, para liberação de mais recursos para a Secretaria da Agricultura ajudar o setor, o governador brincou que ele estava sentado no lugar certo, ao lado do secretário da Fazenda, Gustavo Barbosa. Apesar de arrancar risos dos participantes, considerou o pleito justo e garantiu mais investimentos na Emater e na Epamig. Ele encerrou sua participação respondendo a Cristiano Parreira, do SindExtra, que abordou a atividade minerária no estado. Zema falou da necessidade de investir parte da Cfem, a compensação para os municípios mineradores, para a criação de fundos municipais para garantir a sobrevivência e o desenvolvimento de outras atividades nessas cidades, quando a atividade mineral chegar ao fim. Ele citou o caso da prefeitura de Itabira, que tem essa preocupação de desenvolver outros setores da economia, já se preparando para o fim do ciclo mineral na região, que vai terminar em 10 ou 15 anos. O almoço palestra promovido pelo Conexão Empresarial teve o apoio da Anglo American. Drogaria Araujo, Grupo bmg, Líder Aviação e Usiminas. O programa será exibido no Canal da VB no YouTube o CVB. A partir do dia 10 de janeiro a transmissão também será por TV a cabo, no canal 527 da NET.

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