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Palocci contou a Moro só um pouco do que revelará em sua delação

Paulo César de Oliveira
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O depoimento do ex-ministro Antonio Palocci (foto), na quarta-feira, em Curitiba, foi apenas uma amostra do que deverá estar na delação premiada que o petista negocia com a força-tarefa da Lava Jato e que está caminhando rapidamente, segundo apurou a Agência Reuters, através de duas fontes que acompanham a negociação. Palocci negocia desde maio um acordo de delação premiada tendo, inclusive trocado de advogado, contratando Adriano Bretas, especialista no assunto. O início da delação foi conturbado e a Força-Tarefa da Lava Jato chegou a dizer que, extraoficialmente, não havia informações que justificassem a delação. Nas últimas semanas, no entanto, o assunto voltou a andar.

 

Palocci teria documentos a entregar

De acordo as fontes que acompanham a delação de Palocci, já está preparado um número considerável de anexos que envolvem todos os seus anos de governo, parte do alto escalão da administração de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e vários setores do governo. “É uma colaboração densa, tem uma evolução natural. Não se faz da noite para o dia. Tem muitos detalhes, envolve uma década de participação dele no governo. É como pousar um jumbo, não é um teco-teco qualquer”, disse a fonte. A força-tarefa da Lava Jato planejava terminar a delação de Palocci antes do dia 17 de setembro, para que o atual Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pudesse enviar o pedido de homologação ao Supremo Tribunal Federal já com pedidos de inquérito.

 

Delação poderá atingir setor financeiro

Ex-ministro da Fazenda no governo Lula da Silva, coordenador da campanha da primeira eleição de Dilma Rousseff e ministro da Casa Civil em seu primeiro mandato, Palocci está preso há quase um ano em Curitiba e foi condenado a 12 anos de prisão. O depoimento do petista na quarta-feira, em inquérito que apura a compra de um imóvel pela Odebrecht para o Instituto Lula, foi um sinal do que deve vir em sua delação. Palocci, pela primeira vez, confirmou a participação direta de Lula nas negociações para um “pacote de propina” a ser pago pela Odebrecht em troca de manter uma boa relação no governo Dilma. Entre os benefícios estavam, segundo Palocci, a doação do imóvel para o Instituto Lula, a compra do sítio de Atibaia e uma conta de 300 milhões de reais em propinas para serem usadas pelo partido. A delação de Palocci é uma das mais temidas dos últimos meses. Além da cúpula do governo, o receio é a prometida intenção do ex-ministro de detalhar informações que atingem o setor financeiro.

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