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Para o governo todo mundo é culpado. Menos ele

Paulo César de Oliveira
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Para quem, como nós,  estava disposto a esquecer a crise e entrar no 2016 “no pique”, a entrevista do ministro Jacques Wagner (foto), da Casa Civil, publicada ontem no jornal Folha de São Paulo, foi mais até do que uma ducha fria. Na entrevista, fica claro que o governo não tem um plano, um rumo a seguir a não ser o velho e surrado discurso de que é preciso modular o ajuste fiscal para preparar o crescimento. Bem, ótimo. Precisamos crescer. Mas como? Todos os programas da era PT, até aqui, fracassaram, se formos considerar a sua sustentabilidade. O último exemplo está aí, com o fim da “Bolsa Empresário”, ou Programa de Sustentação de Investimentos, que derramou R$ 362 bilhões de financiamentos para a compra de máquinas e equipamentos e que ao ser encerrado, deixa um “mico” de R$ 214 bilhões nas mãos do governo. É a conta do fracasso que será jogada sobre o contribuinte. Até mesmo o badalado programa de distribuição de renda, que, segundo o governo, teria tirado milhões de brasileiros da miséria, não se sustentou. Quem tinha melhorado de vida, já está na miséria novamente. E vamos de retrocesso em retrocesso,  viver o ano novo. E sem perspectiva de ver o governo agir para que haja melhoras.  A fala de Jacques Wagner mostra isto. O primeiro passo de quem quer resolver um problema é admitir que ele existe. E o ministro nega a existência de um problema evidente para todos: a incompetência administrativa do governo. Ele até reconhecesse que o país vai mal, mas atribui tudo a uma crise internacional que ninguém vê e, pasmem, na ação da oposição que, insiste ele, quer o impeachment da presidente Dilma para chegar ao poder pela via do “tapetão”. Para ele o governo não tem culpas. Não agiu errado. Seu partido, o PT, não foi o responsável pelo maior escândalo de corrupção do país. No máximo, não promoveu as mudanças necessárias, mantendo velhas práticas, e se lambuzando um pouco nelas, como quem por nunca ter comido melado, se deixa sujar. Num único momento de lucidez e honestidade intelectual, admite que 2016 será apenas um ano de preparação para uma possível retomada do crescimento em 2017. Não, é preciso reconhecer que há um outro momento de sinceridade na fala do ministro. É quando ele garante que o governo vai sufocar o impeachment, com bem mais votos do que precisa. A que preço? Bom, sobre isto ele não foi perguntado, nem adiantou explicações. Vai ser difícil.

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