José Dirceu foi condenado. José Genoino foi condenado. Palocci está preso. Isto, só para citar três cabeças coroadas do PT, que chegaram a ter seus nomes ventilados para a disputa da presidência. Há dezenas de outros petistas denunciados e até alguns presos. Mas para a direção do partido eles não existem. Ou são mesmo corruptos e não merecem o empenho para livrá-los das denúncias e condenações. Estranho que, cercado de tantos corruptos, Lula tenha conseguido se manter sem máculas. Ou não sabia de nada ou é como muitos políticos de antigamente que, diziam, não roubavam, mas deixavam roubar. Até onde o PT vai levar este discurso? Pergunto isto em entrar no mérito das acusações. O que questiono, e não sou o único, é se os petistas estão realmente preocupados com Lula, ou se estão assustados com sua ausência do processo e os reflexos disto nas candidaturas do partido. O que se vê hoje é um lulismo mantendo luz própria e um petismo em queda acentuada. Prova disto é a dificuldade que teve em montar alianças nos estados, ficando isolado em muitos deles. Lula sabe muito bem a força eleitoral que representa. O PT sabe muito bem que depende do nome dele para alavancar votos. Um usa o outro. Lula coloca o partido a seu serviço, não para ser candidato, pois isto sabe ser muito difícil, mas para se apresentar como um grande líder perseguido. O PT, por sua vez, faz do “Lula livre” o mote de suas campanhas, dando a impressão de fugir do debate político pelo desgaste de muitos anos de Poder. Até aqui o beneficiário da estratégia tem sido Lula, que se mantém em evidência e incorporando a figura do injustiçado, que pode, segundo alguns analistas, estar lhe assegurando a liderança nas pesquisas, mesmo com alto índice de rejeição. Este voto “coitadinho” é transferível? Poucos acreditam. Muitos acreditam mesmo é que, fora das eleições, Lula perderá a solidariedade de muitos companheiros. Gente que, como José Dirceu, tem lá suas mágoas – ele registrou em seu livro a decepção com sua demissão – e que não as externa em respeito ou medo do mito. Daí ninguém sabe o que pode acontecer. Com o mito e com o PT.