Réu em cinco processos e um dos personagens principais das delações premiadas de executivos da Odebrecht divulgadas em vídeo, o ex-presidente Lula da Silva (foto) disse nessa quinta-feira que, se alguém provar um “erro” que tenha cometido larga a política e, ao mesmo tempo, afirmou que, caso deixem, será candidato à Presidência ano que vem. “Não é possível que essas pessoas não tenham dó de levar tanta gente à miséria outra vez, de fazer o povo descer do degrau que eles conquistaram”, disse Lula em entrevista a uma rádio de Salvador. “Então, isso me deixa revoltado, mas ao mesmo tempo me deixa estimulado. Eu não sei o que vai acontecer comigo. O dado concreto é o seguinte: eu tô na disputa”, acrescentou. “Vou disputar se me deixarem disputar e vou provar que esse país pode voltar a ser feliz.” Lula disse, sobre as novas delações, que não vai ˜”rir nem chorar”, argumentando que “a delação tem que ser provada”. “Cada acusação dessa mexe com meu brio, mexe com minha honra e eu sinto muito mais disposição de brigar, eu não nasci para parar no meio do caminho”, disse. “O dia que alguém provar um erro meu ou 10 reais ilícitos na minha vida eu paro com a política.” Lula prestará depoimento ao juiz Sérgio Moro no próximo dia 3, em uma das ações em que é réu na Lava Jato.
Temer também se defende. Mas sem bravatas
O presidente Michel Temer seguiu a mesma linha do desmentido, porém sem as bravatas do petista. Ele gravou um vídeo ontem negando qualquer participação no acerto de pagamento de propina da Odebrecht ao PMDB. Temer disse que a mentira “causa repulsa” e que “jamais colocaria em risco” sua biografia. O vídeo foi divulgado pela assessoria do Palácio do Planalto e publicado na conta de Temer no Twitter. A manifestação do presidente ocorre após a divulgação da delação premiada do ex-executivo da empreiteira Márcio Faria. Ele afirmou que em uma reunião com Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, no escritório particular do presidente, foi acertado o pagamento de R$ 40 milhões ao PMDB para garantir a vitória da Odebrecht em um processo licitatório da Petrobras. “A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a valores financeiros ou a negócios escusos da empresa com políticos. Isso jamais aconteceu, nessa reunião, nem em qualquer outra que eu tenha feito ao longo de minha carreira pública, com qualquer pessoa física ou jurídica”, disse o presidente no vídeo. Na noite de quarta-feira, o presidente já havia divulgado uma nota comentando as denúncias. “Jamais colocaria a minha biografia em risco. O verdadeiro homem público tem de estar à altura dos seus desafios que envolvem bons momentos e momentos de profundo desconforto. A minha maior aliada é a verdade, matéria prima do Judiciário, que revelará toda a verdade dos fatos”, defendeu-se.