O cumprimento da cota de 30% para as candidaturas femininas, nas eleições de 2020, deve ser um problema para os partidos que não formaram um quadro de mulheres aptas a ingressar na disputa política. Foi o que apontou a Secretária Nacional de Políticas Públicas para Mulheres, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto (foto). Ela participou ontem da videoconferência “Participação das Minorias”, no 1o Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral (Conbrade). “Fizeram convites para chás e encontros durante a tarde, mas isso não é formação política. Com o fim das coligações para as eleições proporcionais, tememos que muitas siglas não consigam cumprir a meta. Por outro lado, os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão mais atentos para coibir casos de “candidaturas laranjas”, afirma a secretária. Ela também chamou atenção para o fato de que, para além das características culturais brasileiras que resultam na baixa representatividade as mulheres na política, embora elas sejam maioria da população, existe um quadro sistêmico de violência que visa afastar as candidatas desse ambiente no qual os homens ainda são maioria. “O financiamento é muito importante para as candidaturas femininas. Vejo que esse cenário só vai mudar com paridade de armas, quando a mulher tiver a chave do cofre. Os partidos não gostam disso, mas enquanto os líderes estiverem decidindo sozinhos, como vão aplicar os 30% destinados para essas candidaturas, sem a participação das mulheres, não haverá avanços”, aponta.