Contrariando o cronograma original, a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (foto) não entregou ontem ao Congresso a “PEC da Transição”, proposta de emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento de 2023 para promessas de campanha do petista. Sem consenso, aliados reclamaram da falta de negociação política, e líderes partidários, principalmente do Centrão, cobraram “contrapartidas” — como emendas ou promessas de cargos. O velho toma lá dá cá, comporta-se como a saúva moderna do Brasil. Há 200 anos, o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, que percorreu o Brasil por seis anos, advertiu: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Nesses tempos de recolhimento que nos fazem pensar, a advertência continua atual. A formiga já está sob controle, mas há muitas saúvas que insistem em acabar com o país, ainda que depois da devastação, nada mais tenham para se sustentar.
O transatlântico da transição
A equipe de 320 pessoas convocadas para o governo de transição, abrigadas em 31 grupos técnicos, é a maior já reunida no país para esta finalidade. Há 207 homens e 113 mulheres. Os que chateados com essa situação são os petistas, que não gostariam de ver tantas caras de outros partidos. Mas o presidente Luiz Inácio é assim que quer. O Partido dos Trabalhadores terá de mudar seu pensamento sobre alianças, parcerias, apoios e outras questões. A continuar imaginando que só eles ganharam a campanha, abrirá uma larga avenida de tensões e querelas interpartidárias. Coisa que desagradaria o presidente eleito. (Foto/reprodução internet)