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Política suja em eleição

Paulo César de Oliveira
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Recorro novamente à história de Tancredo Neves (foto) para analisar o momento político brasileiro e, em especial, a situação vivida pelo PSDB, uma legenda que nasceu forte, reunindo os políticos mais expressivos do país nos anos oitenta. Tancredo, com o apoio de muitos dos que fundaram a legenda em meados de l980, implodiu o sistema partidário brasileiro para costurar uma aliança- com o apoio do fiel companheiro Hélio Garcia- que lhe permitiu vencer a disputa contra Maluf no Colégio Eleitoral, pondo assim um fim ao período militar. Tancredo não assumiu às vésperas da posse, passou mal em uma missa- em que que eu estava praticamente ao seu lado- horas depois estava numa mesa de cirurgia. Trinta e oito dias depois, morreu, assumindo em seu lugar o vice José Sarney que ele fizera seu parceiro nas complicadas articulações visado sua eleição. Recordo aqui esta passagem da política brasileira para fazer uma comparação entre Tancredo e seu neto Aécio que, é bom que se frise, nunca foi considerado seu herdeiro político. Tancredo agiu como algodão entre cristais e foi capaz de construir uma inimaginável aliança para derrotar o regime militar. Aécio Neves, ao contrário, age politicamente como macaco em casa de louça para tentar derrubar a candidatura de João Doria à presidência da República. Ele não se importa em deixar a legenda fora da disputa presidencial pela primeira vez desde 1989, quando Mário Covas foi derrotado na disputa com Collor. O próprio Aécio já foi candidato pela legenda, mas perdeu a disputa, inclusive em Minas Gerais, para Dilma. Toda esta ação política nefasta de Aécio, que não aprendeu com o avô a fazer política, tem o objetivo de fragmentar o PSDB e levar parte dele a apoiar Bolsonaro. É retribuição ao presidente pelas benesses recebidas. Dificilmente, porém, terá sucesso. João Dória deverá vencer a disputa interna no PSDB e sairá candidato, com amplas possibilidades de conquistar apoio eleitoral e político. Não estranhem se atrair inclusive os que hoje apoiam Simone Tebet. Esta ação de Aécio Neves para implodir a candidatura de João Doria tem efeito devastador sobre o partido nos estados. Os “tucanos não conseguem articular candidatos aos governos estaduais em estados importantes- Minas é um exemplo- e assiste ao enfraquecimento eleitoral de seus parlamentares o que resultará, certamente, na redução das bancadas estaduais e no Congresso, num processo que já levou ao desaparecimento, ou perda de protagonismo político de partidos que em algum momento, tiveram papel relevante na politica brasileira e que hoje sobrevivem de adesões aos governos. Esta possibilidade já assusta tucanos de alta plumagem que, ainda e forma discreta, já se articulam para impor que o partido tenha candidatura própria e que o resultado das prévias seja respeitado. (Foto reprodução internet)

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