O prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), não perde uma oportunidade para alfinetar o ex-governador Fernando Pimentel (PT). Em Brumadinho ontem para prestar solidariedade às famílias e sobreviventes do rompimento da barragem da Vale, Duarte disse que dessa vez, pelo menos, o governo agiu rápido, diferente de quando houve o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, quando, só depois de cobrado, é que o governador decidiu dar as caras. “A então presidente Dilma Rousseff só foi ao local da tragédia uma semana depois”. Ele lamenta que a tragédia de Mariana não tenha ficado de exemplo para o país.
Coincidências à parte
Ironicamente, dez dias antes do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, o governador Romeu Zema, esteve reunido com representantes da Samarco, que tem a Vale como uma de suas acionistas, para conhecer os planos da empresa para a abertura de novos postos de trabalho para a retomada das atividades da mineradora, em Mariana. O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, há três anos e meio, ainda deixa fortes mercas da tragédia, onde morreram 19 pessoas ficando ainda um rastro de destruição. O distrito de Bento Rodrigues foi totalmente destruído e até hoje as famílias aguardam a construção do lugar onde terão suas vidas reconstruídas.
Marina defende que crimes ambientais sejam transformados em crimes hediondos
Cobrada por ter se manifestado timidamente em relação a tragédia em Brumadinho, a presidente da Rede, Marina Silva (foto), decidiu ir até o município mineiro para conferir de perto o estrago causado pela lama da barragem da Vale. Para Marina, “o momento é de sermos solidários e não permitirmos o enfraquecimento dos órgãos ambientais, do cuidado com a preservação da vida e do meio ambiente. É hora de regras mais duras para o licenciamento e penas mais severas para os responsáveis e empresas”. Marina defende que crimes da magnitude que aconteceram em Brumadinho e em Mariana sejam transformados em crimes hediondos.
O preço da preservação da economia de Minas
A ansiedade do governo anterior em votar um projeto que flexibilizasse as regras para garantir o retorno das atividades da Samarco, em Mariana, teve um custo alto, como pôde ser constatado agora. O substitutivo do deputado João Vítor Xavier que endurecia as regras para a prática da mineração no estado, acabou rejeitado e agora, os deputados tentam explicar o inexplicável, diante de mais uma tragédia no estado. A proposta foi votada em primeiro turno e ainda volta à pauta de discussão, talvez, com mais consciência por parte dos parlamentares. O argumento do deputado Tadeu Martins Leite para votar contra é o de que na época era preciso preservar a principal fonte da economia de Minas, que é a mineração. Bom seria se ele explicasse esse raciocínio para as famílias das vítimas e aos sobreviventes do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho. Uma comitiva de deputados chegou a ir à Brumadinho acompanhar os trabalhos dos bombeiros.