Presidente é blindada

O jornalista Hélio Schwartsman, em artigo na Folha de São Paulo, faz uma constatação interessante: é mais fácil aprovar, no Congresso a transformação do Brasil em uma monarquia constitucional do que derrubar a presidente Dilma (foto) como um impeachment. É que para condenar a presidente serão necessários os votos de 2/3 dos deputados, para abrir o processo e de 2/3 dos senadores para a condenação. Objetivamente, a presidente já está praticamente blindada a não ser numa situação muito excepcional. Alguns lembrarão o impeachment de Collor, ocorrido numa situação jurídica diferente e num ambiente político absurdamente adverso. Sem contar, é claro, que à época não havia a internet que vem substituindo as ruas nos protestos da população. Mas a diferença mais profunda entre os dois casos é que Dilma tem hoje uma base de apoio maior do que tinha Collor. Ela tem pelo menos um partido, o PT que vai se esfacelando. Tem ainda o PMDB com o qual ninguém sabe se poderá ou não contar num momento mais crucial. E todos os casos, tem alguma base partidária enquanto o seu inimigo mortal à época, hoje amigo fraternal, Collor não tinha absolutamente nada em que se escorar. A única tarefa da presidente hoje é não deixar escorrer por entre os dedos os apoios partidários e a base parlamentar alugada em várias legendas. Os votos que tem hoje são suficientes, bem próximo do limite, para não deixar o impeachment vingar. A oposição, por enquanto tem voto para derrubá-la instalando uma monarquia constitucional no país. Mas Dilma precisa segurar sua turma e sua própria língua. Se mantiverem o discurso de defesa falando em golpe, em tirar o povo do poder, ou como disse o governador do Maranhão, Flávio Dino, que estão querendo tirar o direito do pobre à saúde e educação, Dilma pode perder apoio. É que os argumentos são ridículos. A propósito, governador Dino, o povo de seu estado tem tudo isto que o senhor anda falando que querem tirar do povo com o impeachment?