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Quanto é efêmero o poder

Paulo César de Oliveira
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“No final de governo, o garçom mexe seu café com o dedo”. A frase, carregada de sabedoria política, é atribuída ao ex-governador de Minas, Israel Pinheiro (foto), construtor de Brasília e último governador eleito, antes da longa safra de governadores nomeados pelo regime militar. A frase poderia ser substituída também pela conhecida “rei morto, rei posto”, mas ela é mais completa, pois mostra o quanto é efêmero o Poder, que, muitas vezes, acaba mesmo antes do mandato. Hoje, a não ser os reeleitos, todos os demais prefeitos, mesmo os que conseguiram eleger seus sucessores, precisam ficar atentos para ver como seus cafés estão sendo mexidos. É que já não mandam, não comandam. O Poder passou adiante e já está com o eleito, mesmo que faltem ainda praticamente três meses para que eles assumam. Daqui até o final do ano, os prefeitos no exercício do mandato precisam se concentrar nos ajustes de suas contas, se não quiserem passar um longo tempo tendo que se explicarem ao Tribunal de Contas. Mas se quiserem fazer algo, especialmente alguma mudança, terão que conversar com que vai assumir o cargo, pois é assim que as coisas funcionam. Reparem o comportamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte que ameaça se confrontar com o prefeito Marcio Lacerda, deixando de aprovar seus projetos. Gente que comia sentada na porta da cozinha do prefeito hoje posta como adversário. É que Lacerda já não tem o que oferecer. Não comanda mais a caneta. Agora os vereadores, que se reelegeram ou não, buscam o aceno daquele que vai ocupar a cadeira e segurar a caneta pelos próximos quatro anos. É preciso agradar ao novo rei. Buscar vantagens que o atual já não pode garantir. E esta paralisia é ainda maior nas cidades onde se disputará o segundo turno e, portanto, se desconhece quem é o rei a ser posto. Amanhã, nestas cidades, recomeça a campanha eleitoral. Aí então é que a máquina pública para mesmo. Infelizmente para todos nós. Há, porém, quem ache bom. É que estão parados, à espera da definição do nome a quem prestarão vassalagem nos próximos anos.

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