Começa uma nova semana de turbulência. Nem se pode dizer que esta será uma semana de juntar os cacos e limpar a lama do tsunami político causado pela mudança de posicionamento do Supremo Tribunal Federal, proibindo o início de cumprimento de pena por réus condenados em segunda instância. Com isto, Lula, Zé Dirceu e outros que estão, ou serão soltos esta semana, começam a se movimentar politicamente, o que faz prever o aumento dos terremotos políticos no país. O pior é que se prevê que haverá também abalos de toda ordem na economia. Uma economia que, dizem os técnicos, começava a entrar nos trilhos. Pelos sinais, os trilhos sumiram. A disposição no Congresso é de deixar tudo o que não for relacionado com o tema “prisão em segunda instância” para depois. A prioridade será mudar a Constituição para colocar de novo na cadeia Lula e seus amigos e até alguns que deixaram de ser amigos, por causa das delações premiadas. O foco é a Proposta de Emenda Constitucional que pode restabelecer a prisão em segunda instância que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Felipe Francischini, coincidentemente do PSL de Bolsonaro, colocou na pauta de hoje. Francischini agiu no soar das trombetas e seus aliados já avisaram que, até o julgamento em Plenário – a aprovação da admissibilidade na CCJ é apenas uma etapa – a PEC tem preferência sobre todos os outros temas. Se os que são a favor da prisão em segunda instância, por convicção ou interesses políticos, prometem agir, radicalizando se necessário, não é outra a intenção do grupo contrário. Lula já mostrou sua disposição de brigar e Zé Dirceu já fala em começar a luta para retomar o poder. Poder que parece ser, e é realmente, a única preocupação dos dois grupos. O de Bolsonaro e o de Lula. Nenhum está preocupado com o que realmente interessa ao país. E dentro desta lógica, a radicalização agora é fundamental. Pela chamada “direita”, a decisão do STF que resultou na soltura de Lula, foi uma espécie de convocação para a briga. O grupo que começava a se dispersar, insatisfeito com a forma bolsonarista de governar, já admite a união, como forma de evitar o retorno do lulopetismo. Na chamada “esquerda”, o efeito deverá ser um pouco mais lento pois Lula anda com sua imagem um pouco arranhada. A unidade deve ganhar corpo, por estranho que pareça, na medida em que Bolsonaro for conseguindo reunificar sua tropa. A forma de ambos? Pau um no outro. Falação em todos os tons e níveis e, não desprezem a hipótese, infiltrações em manifestações para provocar tumulto que desgaste o adversário. Pobre país cujos mitos têm, pés de barro.