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Reversão de expectativa no setor automotivo

Paulo César de Oliveira
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O desaquecimento da economia levou as montadoras instaladas no Brasil a traçar um novo cenário de atividades no setor para 2015, revertendo a projeção que tinham, no começo deste ano, de uma alta de 4,1% na produção de veículos, para uma queda de 10% e um total de 2,83 milhões de unidades. O setor também alterou a expectativa de estabilidade nas vendas ao mercado interno, prevendo que os licenciamentos deverão cair 13,2%, o equivalente ao escoamento de 3,03 milhões de unidades. Nesse volume estão incluídos os automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Na comercialização de máquinas e equipamentos agrícolas e rodoviários, a indústria automobilística acena com uma retração de 19,4% no mercado interno.

 

Crise que preocupa é a de confiança

As projeções revisadas foram anunciadas ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O presidente da entidade, Luiz Moan, revelou, no entanto, que foi mantida a projeção de crescimento de 1,1% nas exportações, mas sem perder de vista, as chances de retomar o mercado interno. Ele observou que alguns acordos com parceiros comerciais como a Argentina, por exemplo, ainda estão em andamento e, além disso, a indústria está tendo maior cautela em relação à oscilação do dólar. “Vamos esperar um foco para ver o caminho do dólar. Ele está melhor [cotação], mas há um sentimento em torno do efeito quanto à volatilidade [da moeda]”. Moan (foto) acredita que as empresas terão resultados melhores no próximo trimestre em relação ao primeiro e um desempenho melhor ainda no segundo semestre, lembrando que o recuo de 13,2% nos licenciamentos previsto para este ano de 2015, será menor do que o registrado no primeiro trimestre (-17%). Na avaliação dele, mais do que uma crise econômica, o que afeta o setor é a crise de confiança. Por isso, defende a aprovação das medidas do ajuste fiscal como forma de resgatar a percepção mais otimista do mercado com maior confiança tanto dos investidores quanto dos consumidores. O nível de emprego, na opinião do executivo, não é empecilho para se resgatar as vendas. Quanto à manutenção dos postos nas montadoras, ele afirmou que “o emprego é um desafio bastante grande neste momento, mas o nosso empregado é fruto de um investimento muito alto, em treinamento e qualificação e as empresas fazem o máximo para a manutenção do nível do emprego”. Os dados da Anfavea indicam que a base de empregados no setor caiu 9,4% de janeiro a março deste ano, em comparação a igual período do ano passado, somando 140.851 trabalhadores.

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