A desastrada declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, lançando a candidatura de Michel Temer à reeleição, em 2018, terá desdobramentos. Segundo Maia, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Temer, caso consiga elevar os índices de aprovação de seu governo, é o candidato natural em seu campo político, para a sucessão de 2018. “Eu sei que ele vai brigar comigo por estar dizendo isso, mas, olhando o cenário de hoje, e projetando 2018, o Michel vai ter dificuldade em negar esse pleito por parte dos partidos que compõem a base. É a única candidatura que pode unificar a base do governo”. Em Belo Horizonte ontem, para participar da convenção municipal de seu partido, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, considerou a fala do presidente da Câmara como um sinal de “ a direita está se articulando e que os partidos de esquerda precisam ficar atentos”. Lupi (foto) acredita que a precipitação do lançamento causará dificuldades para Temer no relacionamento com outros partidos de sua base que postulam o lançamento de candidaturas em 2018. “Como ficará, por exemplo, o PSDB, que tem uma série de pré candidaturas já em articulação. Este lançamento não ajuda o presidente num momento político delicado como o atual. Acho que atrapalha Temer e favorece Dilma”.
Preocupado com possíveis desdobramentos, Temer garante que nem pensa em reeleição
Preocupado com a declaração de Rodrigo Maia, que ajudou a eleger presidente da Câmara dos Deputados e com os estragos políticos que ela poderia trazer ao seu governo, o presidente interino Michel Temer divulgou no início da tarde de ontem uma nota em que descarta a hipótese de vir buscar um mandato presidencial nas próximas eleições. Na nota de cinco linhas Temer reafirma que seus esforços estão concentrados na recuperação do país e que não cogita um novo mandato. “Fico honrado com a lembrança de meu nome como possível candidato em 2018. Mas reitero, uma vez mais, que apenas me cabe cumprir o dever constitucional de completar o mandato presidencial, se o Senado Federal assim o decidir. Não cogito disputar a reeleição. Todos os meus esforços, e de meu governo, estão voltados exclusivamente para garantir que o Brasil retome a rota do crescimento e seja pacificado”.