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Temer está fazendo o que não poderia: errar muito

Paulo César de Oliveira
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A crise política que o Brasil atravessa foi alimentada pelo próprio presidente Michel Temer. Ele ficou quatro meses na interinidade, enquanto o Congresso discutia o impeachment de Dilma. Como um político aparentemente experiente, deveria ter se preparado para assumir definitivamente a presidência. Não foi o que aconteceu. Então chegou ao poder assentado em um grupo de amigos que, aos poucos, vem sendo abatido e, consequentemente enfraquecendo politicamente o governo. Abate que se iniciou com o senador Romero Juca, até atingir o baiano Geddel Vieira Lima, que usou o cargo para beneficiar-se, sem ao menos imaginar o comportamento do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero (foto), que colocou a “boca no trombone”, atingindo diretamente o presidente. Temer, pelos anos já vividos e por sua experiência política, não tinha o direito à ingenuidade. Sabia perfeitamente quem eram seus convidados para os ministérios e por qual razão os escolheu. Para atravessar o pântano político, colocou em sua tropa de choque crocodilos acostumados a pescar nas águas turvas da política brasileira. Blindou a economia com gente da área, e colocou nos ministérios quem não pode ser chamado de “santo”. Até para lidar com quem não é nada “santo”. Errou, porém, ao não escolher seus substitutos. Sabia que alguns seriam atingidos pelo tiroteio político, mas não providenciou substitutos. Reposição para ser usada imediatamente. Há cerca um mês Temer foi procurado por um dos principais assessores que lhe sugeriu ter à mão nomes para substituírem ministros em qualquer eventualidade, pois os nomes ao seu redor estão sujeitos a saírem por envolvimento com os malfeitos. A advertência, parece, não surtiu efeito. Se tivesse surtido, Temer teria substituído Geddel imediatamente, evitando alimentar a crise e o desgaste de ter que negociar agora, de dentro da frigideira ligada, um substituto para um dos mais importantes cargos do governo. O presidente Temer não tinha o direito de errar. Mais, tinha tudo para acertar, na condução da política e na formulação das propostas de governo. E isto não vem acontecendo. Como bem disse o publicitário Nizan Guanães na infrutífera reunião do Conselhao, “quem chega com a impopularidade deveria adotar todas as medidas impopulares de cara, podendo ter a chance de consertar e sair-se bem.” Temer sempre falou que não queria a reeleição mas, parece, passou a acreditar que se tudo der certo o povo não vai querer que saía. E, claramente, está jogando nisso. Enquanto Temer vai sendo engolido pela esperteza, que como dizia Aureliano Chaves, quando cresce vira bicho e come o esperto, em Minas, o governador Fernando Pimentel aguarda a decisão da Assembleia Legislativa quanto ao processo em tramitação no STJ, para que possa trabalhar e colocar a cara de fora, sem riscos de ser, linchado politicamente. Pimentel sabe que o tempo passa rápido e que já está praticamente na segunda metade de seu mandato. Precisa de estabilidade para trabalhar pois, dizem, pode disputar a reeleição tendo agora como vice o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, também do PMDB, já que está rompido com seu vice Antonio Andrade, acusado pelos petistas de trair o governador. Não é, porém uma situação definitiva. Ainda há “muita água para rolar sob esta ponte”.

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