Temer quer que Dilma escute mais e mande menos

Todas as atenções estavam voltadas ontem para a primeira reunião do ano entre a presidente Dilma Rousseff e seu vive Michel Temer (foto). Mas depois de mais de um mês sem se falarem, o tão esperado encontro durou apenas 16 minutos. Os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, interromperam a conversa entre os dois e se juntaram a eles para ouvir as sugestões de Temer para melhorar a performance do governo Ficaram mais uma hora reunidos. Logo no início da conversa, o vice cobrou uma outra postura da presidente Dilma: “ouvir mais do que falar” e mostrar-se disposta a “ser mais servo” do que dar ordens. Outra sugestão foi a de reconvocar o Conselhão, ou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, formado por empresários e outras lideranças da sociedade, para ajudar o governo a encontrar soluções para que o país consiga superar a crise econômica e política. A presidente Dilma se mostrou disposta a seguir a proposta de reativar o Conselhão, mas otimista, disse que pelo relatório do FMI, o Brasil não é a única nação afetada pela crise. Outros países também estão com o crescimento comprometido. Segundo a presidente, isso é, de certa forma, um “ponto positivo” para estimular a recuperação por aqui. Temer também falou do documento “Ponte para o Futuro”, com propostas do PMDB para o país e sugeriu que a presidente fizesse uso das ideias defendidas pelo partido. Quando o documento foi apresentado ao governo em novembro do ano passado, as propostas foram consideradas um sinal de afastamento de Temer e do seu lançamento como alternativa a presidente Dilma. Os dois também conversaram sobre literatura e do convite que Temer disse ter recebido do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para visita-lo. Biden foi, inclusive, motivo de queixa de Temer, que ficou contrariado por não ter sido convidado para uma reunião entre ele e a presidente Dilma no início do ano passado. O assunto foi abordado em uma carta que deixou à mostra as dificuldades de relacionamento da presidente com seu vice.