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Temer se agarra em suposta edição da gravação para manter-se no cargo

Paulo César de Oliveira
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Os advogados de Michel Temer (foto) protocolaram, por volta das 16h desse sábado, petição no Supremo Tribunal Federal (STF) em que solicitam a suspensão do inquérito que investiga o presidente por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa. Mais cedo, em pronunciamento no Palácio do Planalto, Temer havia afirmado que pediria a suspensão do inquérito após reportagem da “Folha de S. Paulo” informar que peritos ouvidos pelo jornal, admitiram indícios de que houve edição no áudio da conversa com o presidente, gravada pelo dono do frigorífico JBS, Joesley Batista. “Por todo o exposto, Eminente Ministro, a defesa do Presidente Michel Temer, vem, por meio da presente petição, requerer que V. Excelência determine a SUSPENSÃO do inquérito instaurado, até que se realize uma perícia no áudio constante da fita da gravação da conversa objeto desses autos, devendo, para tanto, ser nomeado por um perito para proceder ao seu exame e para responder aos questionamentos do D. Relator e das partes, Defesa e Ministério Público”, diz o texto da petição.

 

Advogado da JBS garante que não houve edição

Logo após o pronunciamento de Temer, em que ele fez pesadas acusações contra o delator e reafirmou que permanecerá no cargo, descartando a possibilidade de renúncia o advogado Francisco Assis, que participou do acordo de delação da JBS, afirmou que não houve edição do áudio e divulgou a nota: “O áudio reflete uma gravação amadora feita por Joesley, tem 38 a 40 minutos, foi o tempo contando entrada e saída do local. Não há absolutamente nenhuma edição. Temos cópia do material original, está sendo mantida em local seguro. Entendemos o argumento da defesa de questionar, mas lembramos que Temer não nega a reunião e nem os assuntos tratados. Pretendemos fazer uma perícia própria e de forma alguma nos opomos a uma perícia. Só esperamos que o governo não use o sistema para tentar anular o áudio.” Além do presidente Michel Temer, o inquérito aberto pelo STF investiga o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por suspeita de corrupção passival, obstrução à Justiça e organização criminosa.

 

Socialistas pulam da base

A contundência do pronunciamento de Temer não foi suficiente para aumentar a crise política. Ontem a Executiva Nacional do PSB anunciou o rompimento com a base aliada do governo do presidente. A decisão foi tomada em uma reunião da cúpula do partido na manhã desse, após a divulgação, na sexta-feira, da íntegra das delações dos donos da empresa JBS. A legenda tem 42 parlamentares no Congresso Nacional. Ao fim da reunião, o partido divulgou uma resolução na qual defende a saída do presidente Temer. A legenda também defendeu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ), que prevê eleições diretas em caso de vacância da Presidência e da Vice-Presidência da República. Segundo o presidente do partido, Carlos Siqueira, a situação do ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, filiado à legenda, não está definida. “O ministro não é indicação do partido. Eu sugeri que ele deixasse o cargo, mas ele tem liberdade para ficar, não em nome do partido”, disse.

 

Saída honrosa

Nem os ministros mais próximos ao presidente Michel Temer acreditam que ele tenha condições de continuar no cargo. Para o bem de todos e felicidade geral da nação espera-se que o presidente encurte o processo para evitar estragos maiores na economia e renuncie. Se Temer renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá 30 dias para convocar o pleito, que contará apenas com senadores e deputados no colégio eleitoral. A avaliação é a de que a condução da economia deve continuar nas mãos de Henrique Meirelles, que também é o nome citado entre os aliados de Temer para assumir o seu lugar.

 

Pressão pelo desembarque

Os traumas com as denúncias envolvendo políticos de alto escalão balançaram a estrutura dos partidos. O PSDB mineiro ainda tenta digerir as denúncias contra seu líder máximo, o senador Aécio Neves. O presidente do diretório estadual, deputado Domingos Sávio, prefere não tomar nenhuma decisão precipitada, mas defende que as investigações sejam aprofundadas. Enquanto isso, os outros diretórios estaduais do PSDB pressionam pelo rompimento do partido com o governo Temer e vão levar esse posicionamento ao senador Tasso Jeireissati, que assumiu interinamente o comando nacional da legenda. Jereissati é, inclusive, uma das opções colocadas para assumir a presidência da República no processo de eleição indireta.

 

Na caserna compromisso com a Constituição

O Exército manterá seu compromisso com os princípios Constitucionais, afirmaram os três comandantes das Forças Armadas ao presidente Michel Temer em reunião na sexta-feira, informou nota divulgada pelo Centro de Comunicação Social do Exército. Segundo a nota, durante o encontro, que também contou com a presença do ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi discutida a conjuntura atual e ressaltada “a estrita observância das Forças Armadas aos ditames constitucionais”. “O General Villas Bôas, Comandante do Exército, reafirma que a atuação da Força Terrestre tem por base os pilares da estabilidade, legalidade e legitimidade, e ressalta a coesão e unidade de pensamento entre as Forças Armadas”, diz a nota. Em seu perfil no Twitter, Villas Bôas falou da audiência com Temer e reafirmou “o compromisso perene do Exército com a Constituição e em prol da nossa sociedade”. A reunião dos comandantes com o presidente ocorreu após a reviravolta política provocada pelas delações envolvendo Temer e aliados.

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