Seria muito bom se com as delações premiadas e as prisões da Lava Jato, a impunidade no Brasil chegasse a um nível pelo menos suportável para que o país, menos tenso e com mais credibilidade, encontre o caminho para o seu desenvolvimento. O Brasil está hoje destroçado, não apenas o Legislativo, mas igualmente o Judiciário e o Executivo. Estamos revivendo a experiência do impeachment de um presidente, um processo doloroso, porém necessário. O surgimento das gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, entregues ao Ministério Público dentro de um acordo de delação premiada, já colocou para fora do governo interino de Michel Temer (foto), o ministro Romero Juca, acusado de tentar atrapalhar a Lava Jato. Outros nomes importantes da base de sustentação política do presidente interino, vão surgindo nas gravações, em situações de fazer corar frade de pedra. Certamente Temer já sabia de tudo o que está se tornando público agora, mas, mesmo assim, resolveu bancar nomes de seu ministério que ninguém sabe até quando vão se sustentar. Para Temer é uma situação difícil. Precisa ter ao seu lado um esquadrão treinado o bastante para o jogo sujo da atividade política no modelo brasileiro. Por outro lado, precisa reverter, imediatamente, o atual quadro de degradação da política nacional para contar com apoios que sustentem a credibilidade de seu governo e assegure o máximo de governabilidade, enquanto corre no Senado o processo do impeachment. Na letra da lei serão 180 dias para a conclusão do processo com a presidente afastada. Antonio Anastasia, o senador relator, quer antecipar a votação final, que sem atropelos à lei, pode ser feita em 90 dias. Enquanto corre o prazo, a presidente afastada Dilma Rousseff, como prometeu, vai atazanar a vida de Michel Temer, como em recente entrevista concedida à jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, dizendo que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha é quem está mandando no presidente interino. Para se contrapor aos ataques de Dilma e seus aliados, muitos deles rasteiros, Temer tem pouco tempo para mostrar a que veio. A equipe econômica, fundamental nesta empreitada, tendo à frente Henrique Meireles, parece ter sido o grande acerto do peemedebista. Porém ele tem que acertar politicamente também, o que não é fácil com este Congresso cheio de denunciados à Justiça. E enquanto se joga o jogo político, o Brasil não pode parar, pois está com uma economia em frangalhos, vivendo uma crise política e moral sem precedentes. Tarefa difícil a de Temer.